Nhongo pronto para falar com Governo moçambicano
18 de novembro de 2019O líder da autoproclamada "Junta Militar" da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) diz que a saída para acabar com a violência no centro de Moçambique passa por uma negociação séria e urgente com o Governo. Mariano Nhongo mostra-se disponível para um encontro com o Governo na base da "Junta Militar" na região de Piro, em Gorongosa.
"Eu não tenho desconfiança com o Governo. Eu sou moçambicano, eles são moçambicanos", afirma Nhongo. "Eu não tenho desconfiança com o Governo. Eu sou moçambicano, eles são moçambicanos".
Mariano Nhongo e os outros membros da "Junta Militar" revoltaram-se contra o líder da RENAMO, Ossufo Momade. Acusam-no de falhas e falta de seriedade ao negociar com o Executivo o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado a 6 de agosto.
A "Junta Militar" não reconhece o acordo. Por isso, Nhongo quer finalizar o processo iniciado pelo ex-líder da RENAMO, Afonso Dhlakama.
"Dhlakama morreu e já teria acabado tudo. Neste momento já estaríamos a contar outras coisas… mas voltámos atrás", diz.
Novas ameaças
Desde agosto, dez pessoas morreram em ataques armados no centro do país. Os ataques ocorreram nas estradas número um e seis, que cruzam as províncias de Manica e Sofala.
As autoridades moçambicanas responsabilizam a RENAMO. Mas o líder do maior partido da oposição, Ossufo Momade, rejeita o envolvimento dos seus homens e acusa Mariano Nhongo. A "Junta Militar", de Nhongo, reivindicou vários ataques, mas negou estar por trás de outros.
Mariano Nhongo volta a ameaçar recorrer às armas se o Governo não aceitar uma negociação: "Se o Governo disser que não nos quer, vamos disparar armas, para sobrevivermos. A guerra não vai acabar assim, se o Governo não aceitar aquilo que nós estamos a exigir".
Mariano Nhongo não avança detalhes sobre as suas reivindicações, mas diz que já começou a efetuar diligências para iniciar uma negociação.
Na sexta-feira passada (08.11), na Gorongosa, o Presidente da República, Filipe Nyusi, instou as Forças de Defesa e Segurança a perseguir, neutralizar e responsabilizar os autores dos ataques no centro de Moçambique. Nyusi frisou que a Lei da Amnistia, aprovada em julho, para crimes praticados durante a crise militar entre 2014 e 2016, "é para trás e não para frente".
No domingo (10.11), a comunidade islâmica moçambicana marchou nas ruas da cidade da Beira, apelando ao fim dos ataques armados na região.