Ataques terroristas no norte do Benim deixam país em alerta
24 de março de 2022O terrorismo islâmico na região norte de Benim está a colocar o país em alerta.
A República da África Ocidental, onde vivem 13 milhões de pessoas, tem sido até agora considerada exemplar quando o assunto é a convivência entre diferentes religiões.
De acordo com Boris Kpenetoun, secretário adjunto para o Diálogo Inter-religioso na Conferência Episcopal Católica do Benim, não há sinais de deterioração das relações.
"Não temos nada a ver com extremismo. Estamos aqui para rezar a Deus, para obter a sua graça, para sermos redimidos", disse.
Convivência entre religiões
A par do cristianismo e do islamismo, oficialmente cerca de 6% da população pertence ao voodoo, uma religião antiga que também é reconhecida.
Contudo vários ataques que recentemente abalaram o norte do país têm causado tensão e desconfiança. Entre finais de novembro e o início de fevereiro, grupos suspeitos de terrorismo levaram a cabo três ataques, nomeadamente nas cidades de Porga e Banikoara.
O imã Hanasse Alidou mostra-se preocupado e distancia o terrorismo do Islão. "Se alguém não pertence à nossa religião, não devemos forçá-lo e muito menos matá-lo. Pelo contrário, o Alcorão diz que quem mata alguém injustamente, mata toda a humanidade", sublinha.
"Também somos inimigos dos terroristas. A nossa função é sensibilizar as pessoas. Sempre que rezamos na mesquita pedimos que o norte do Benim não se transforme no Mali ou na Nigéria", explica Alidou.
Crescimento do Islão
As redes islâmicas têm vindo a crescer cada vez mais. Nos países vizinhos Burkina Faso e Níger, vivem-se grandes crises de segurança onde as organizações islâmicas estão ativas. E há vários anos que a violência também tem vindo a aumentar no noroeste da Nigéria.
Radji Saïbou, secretário-geral da ONG internacional "Religiões pela Paz", exige que a luta contra o terrorismo não seja limitada aos países do Sahel.
"O Benim deve ser incluído, bem como o Gana e a Costa do Marfim, uma vez que faz fronteira com o Mali e o Burkina Faso. É necessária uma abordagem global", afirmou.
O Benim teme também uma possível influência exercida por Estados como o Kuwait e a Arábia Saudita. Através da construção de mesquitas, tornaram-se já omnipresentes ao redor de Parakou, a terceira maior cidade do país.