Ativistas africanos recebem Prémio Nobel Alternativo
1 de dezembro de 2022A dupla de mãe e filha da Somália, Fartuun Adan e Ilwad Elman, foi homenageada "pela promoção da paz, desmilitarização e direitos humanos na Somália face ao terrorismo e à violência baseada no género".
As duas mulheres, que fundaram a organização Elman-Peace, são também defensoras dos direitos humanos e lideram iniciativas de construção da paz baseadas na comunidade, oferecendo ainda apoio a comunidades marginalizadas.
O que inclui o apoio a mulheres sobreviventes da violência misógina, o desarmamento e a reabilitação de crianças-soldados e o desenvolvimento de capacidades de liderança de mulheres e jovens.
Construir a paz na Somália
Ilwad Elman, de 33 anos, disse que o prémio era uma oportunidade para ela e a mãe aumentarem a influência da organização e torná-la mais conhecida, "porque acreditamos que a paz é mais importante do que as injustiças da guerra".
O Instituto Africano para a Gestão de Energias no Uganda (AFIEGO) foi distinguido pela sua oposição a projetos que querem explorar as reservas petrolíferas do Uganda sem ter em conta danos humanos e ambientais.
"Quando o Governo percebe que há pessoas em todo o mundo que apreciam o nosso trabalho, pensa duas vezes antes de atacar as nossas comunidades", disse o diretor-geral do AFIEGO, Dickens Kamugisha.
Apostar na economia verde no Uganda
Kamugisha explicou que a indústria petrolífera não traz empregos ou oportunidades para os ugandeses. "O que temos vindo a pedir ao Governo, é que olhe para a economia verde como uma oportunidade para criar benefícios sustentáveis e a longo prazo", disse o ativista à DW em Setembro, quando foram anunciados os vencedores do prémio.
Dados oficiais, indicam que a região noroeste do Uganda tem entre 1,8 e 2,2 mil milhões de barris de petróleo. A partir de 2012 o Governo e as companhias petrolíferas no país tentaram reassentar mais de 7.000 pessoas, entre as quais 3.500 mulheres.
Segundo Kamugisha, nas comunidades em causa, as mulheres não tinham o direito de possuir terrasm, sendo, por isso. sempre excluídas do pagamento de compensações.
"Através das nossas atividades, algumas mulheres foram reconhecidas como proprietárias, recebendo uma compensação", o que possibilitou algumas crianças a voltar a frequentar as escola, disse Kamugisha. O ativista acrescentou que o sucesso da sua organização também a tornou num alvo de ameaças e intimidação por parte das autoridades.
Contabilizar crimes de guerra na Ucrânia
Pela primeira, o prémio foi atribuído também a uma vencedora na Ucrânia. A defensora dos direitos humanos, Oleksandra Matviichuk, e o Centro de Liberdades Civis (CCL) ai qual preside, com sede em Kiev, foram galardoados "por construir instituições democráticas sustentáveis na Ucrânia e moldar um caminho para a responsabilização internacional de crimes de guerra", segundo explicou o júri.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro passado, o CCL tem vindo documentar crimes de guerra e violações de direitos humanos, com o objetivo de responsabilizar os perpetradores.
Apoiar comunidades de baixo rendimento na Venezuela
Matviichuk disse à DW que, em sete meses de agressões em larga escala por parte da Rússia na Ucrânia, o CCL documentou mais de 19 mil crimes de guerra. "O que mostra que que as violações são sistemáticas, e que a Rússia usa os crimes de guerra como método de guerra", concluiu.
A organização Cecosesola na Venezuela foi homenageada "por estabelecer um modelo económico equitativo como uma alternativa às economias orientadas para o lucro".
A Cecosesola é uma rede de organizações comunitárias de áreas de baixo rendimento, que produz e fornece bens e serviços acessíveis a mais de 100.000 famílias em sete estados federados venezuelanos.