Ativistas do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe detidos
22 de março de 2017Segundo a denúncia foram detidos mais de uma dezena de ativistas e apoiantes ligados ao Movimento Protectorado Lunda Tchokwe na madrugada desta quarta-feira (22.03), na localidade de Cafunfo, zona diamantífera do município do Cuango, província da Lunda Norte. As detenções foram feitas pelos Serviços de Investigação Criminal (SIC). A operação contou com a mediação da Polícia de Intervenção Rápida e da Polícia Militar.
”Apareceram a partir das 04:00 nas residências dos nossos membros e com eles levaram mais de dez pessoas. Levaram material de propaganda e levaram bandeiras”, denuncia à DW África o Presidente do Movimento do Protectorado que, há anos, reivindica a autonomia da região das Lundas. Segundo José Mateus Zecamutchima foram levadas também mulheres e crianças: "as senhoras são esposas dos nossos secretários e foram levadas cerca de cinco crianças, entre os seus 10 e 14 anos de idade, que são filhos dos nossos responsáveis”.
Sem mandato de captura
O Presidente do Movimento do Protectorado afirma ainda que essas detenções aconteceram "sem nenhum mandato [de captura]”. José Mateus Zecamutchima explica que cercaram e "revistaram as casas” e "sem explicar as causas” levaram as pessoas para "a unidade policial”.
O líder da organização acrescenta ainda que a polícia mantém sob custódia um dos membros da organização, sem acusação formal, há vários meses.
"Esse mesmo regime tem o nosso membro Rui Lucas, desde o dia 4 de janeiro de 2017, preso no Comando do Cuango, sem nunca ter sido acusado por nenhum crime há mais de três meses.”
Razões das detenções por conhecer
Entre os dirigentes detidos da organização estão o secretário Nacional para Informação, o secretário da Juventude, o secretário Regional e o secretário da Cultura. As razões das detenções são ainda desconhecidas. Mas suspeita-se que a visita de João Lourenço, ministro da Defesa e candidato do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) às eleições gerais, agendada para os próximos dias, terá motivado as detenções. Alegadamente, as autoridades receiam que os ativistas venham a criar qualquer embaraço.
Ainda assim José Mateus Zecamutchima acredita em razões mais profundas. "Deve ter havido alguma outra coisa de mais profundo que nós não conhecemos. Precisamos saber das autoridades angolanas. Estamos a dizer ao Presidente José Eduardo dos Santos que ao invés de estar a maquinar as pessoas, o que o Governo da República de Angola deve fazer é partir para o diálogo. No ano das eleições deve partir para o diálogo enquanto é cedo.”
Políca confirma detenções
A DW África contactou o comandante da polícia nacional no município do Cuango que confirmou as detenções. O superintendente Caetano Bravo dos Santos remete mais informações para outras entidades: "Eu não posso dar informação. O Comando Provincial - da Polícia Nacional na Lunda Norte - é órgão competente para dar informação para o efeito.”
Na região diamantífera das Lundas, a localidade do Cuango, mais concretamente a região de Cafunfo, é a zona mais sensível do ponto de vista político e militar. É lá onde se encontra a maior bacia de extração mineira de Angola.