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Aumenta vaga de refugiados congoleses rumo a Angola

Glória Sousa
2 de maio de 2017

Enquanto o ACNUR fala em 11 mil refugiados na Lunda Norte, a AJUDECA dá conta de mais de 15 mil famílias. Comida, água e roupa são as principais carências.

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Kongo Flüchtlinge in Munigi
Foto: Getty Images/AFP/P. Moore

Os conflitos étnico-políticos na região de Kasai, na República Democrática do Congo, já provocaram, desde meados de 2016, um milhão de deslocados. 11 mil congoleses, entre elas quatro 4 mil crianças, procuraram refúgio em Angola, nomeadamente na província da Lunda Norte, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

No entanto, o número de refugiados poderá ser bem maior. "Estamos na ordem de 15 mil famílias. Um bom número diz respeito a famílias alargadas, na ordem de 13 a 14 pessoas”, afirma  Manuel Pembele, diretor da AJUDECA (Associação Juvenil para o Desenvolvimento Comunitário de Angola), que esteve recentemente na província da Lunda Norte, no nordeste de Angola.

Kongo Kananga Tshimbulu MONUSCO
Tropas da MONUSCO na República Democrática do CongoFoto: Reuters/A. Ross

O movimento de refugiados congoleses rumo a Angola deverá continuar. "Os refugiados continuam a chegar através da fronteira norte. Na segunda-feira (01.05) e no domingo (30.04), houve quase 400 novas chegadas. De acordo com os relatos dos refugiados, há mais pessoas a caminho de Angola", adianta Markku Aikomus, porta-voz do ACNUR para a África Austral.

"Os refugiados chegam exaustos e muitos com sinais de violência. Trazem muito poucos recursos com eles. Muitas crianças sofrem de diarreia, febre e malária", descreve Markku Aikomus.

Os refugiados registados têm sido acomodados pelas autoridades angolanas em centros nas imediações de Dundo, a capital da Lunda Norte.

No entanto, "as condições nos centros são muito pobres. Os centros de acolhimento estão sobrelotados e não têm capacidade para receber novos refugiados, que ficam de fora, nesta época de chuva".

"As grandes carências, neste momento, são a nível de alimentação, água, vestuário e alojamento", sublinha Manuel Pembele, da AJUDECA. "Aqueles [refugiados] que estão ainda a nível da fronteira ficam ao relento, outros ficam em tendas próprias e outros dormem ao abrigo de casas até poderem apanhar um carro que os leve para Dundo", acrescenta Pembele.

Faltam recursos

"O Governo de Angola forneceu inicialmente comida, mas não é suficiente", Markku Aikomus, porta-voz do ACNUR para a África Austral. Os refugiados aguardam a distribuição de ajuda humanitária, que já terá chegado ao país num avião ao serviço do ACNUR.

02.05 Refugiados congoleses em Angola OL - MP3-Mono

O ACNUR diz que necessita de 5,5 milhões de dólares para dar assistência aos refugiados que todos os dias chegam a Angola.

Em Angola, a alocação de recursos para os refugiados poderá ser afetada por outras questões internas. "Surge o problema de refugiados, por um lado, mas por outro, o país está preocupado com as eleições. Então são dois aspectos que colocam o governo provincial numa equação, sem saber onde alocar os recursos", observa Manuel Pembele, diretor da AJUDECA.

Angola acolhe atualmente quase 57 mil refugiados e requerentes de asilo, dos quais cerca de 25 mil são da República Democrática do Congo.

A Polícia Nacional angolana garantiu estar a tomar medidas de contenção para que não haja penetração de forças armadas no país.

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