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Aumento de acidentes de viação preocupa São Tomé e Príncipe

Edlena Barros (São Tomé)4 de setembro de 2013

Os moto-taxistas, ou motoqueiros - como são conhecidos nas ilhas - têm sido as principais vítimas. Imprudência no trânsito e falta de carta de condução são apontadas como principais causas dos acidentes.

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O moto-taxis são um modo de vidaFoto: DW/E. Barros

Em São Tomé e Príncipe os acidentes de viação causados por motorizadas estão entre as primeiras causas de morte no país. Até ao mês de julho do ano, registaram-se 578 acidentes de viação envolvendo motorizadas. E foi também assim que terminou um dia de trabalho do motoqueiro Cristiano Rompão. O acidente custou-lhe uma perna e limitou-lhe as possibilidades de conseguir um bom trabalho: “A mota escorregou e o pé ficou entalado na jante. Pisou mesmo a perna toda. Fui para o hospital mas já não deu para fazer nada. Não consigo mais fazer outra coisa”.

Mesmo assim é justo dizer que Cristinao Rompão teve sorte. Muitos motoqueiros perdem a vida quando trabalham. Só em julho, 14 pessoas já morreram vítimas de acidentes de motorizada. Trata-se de mais duas vítimas que o registado em todo o ano de 2012, segundo dados do Ministério da Saúde.

Motorrad-Taxi in São Tomé und Principe
Jovens motoqueiros em São ToméFoto: DW/E. Barros

Uma problema de saúde pública

O cirurgião e diretor dos cuidados da saúde, Pascoal d’Apresentação, já perdeu a conta aos casos de acidentes lhe chegaram as mãos. Este médico diz que, tendo em conta que os mortos ou mutilados são, na sua maioria, jovens, esta situação afeta também a produtividade do país: “Por essa razão consideramos este um problema de saúde pública”. D’Apresentação refere o exemplo da epidemia de paludismo, que levou as autoridades a encetar grandes esforços para controlar a doença que era a primeira causa de mortes no país: “E agora, com exceção da faixa etária de crianças até aos cinco anos, que morrem por diarreia e doenças respiratórias, vêm os motoqueiros”.

A profissão de “motoqueiro” é relativamente recente, mas uma das que mais cresce no país. Os seus profissionais são maioritariamente jovens, e muitos deles não têm carta de condução. Mas é uma forma de ganhar a vida, contam dois motoqueiros à DW: “Quando eu comecei, havia muito poucos motoqueiros. Mas agora há muitos devido à falta de emprego”. E o seu companheiro realça: “Em vez de ficar sentado em casa, com os filhos, então faço moto-táxi só para sobreviver o dia a dia. Porque mesmo para comprar qualquer coisa de valor é difícil, porque há muito mota”. Para conseguir ganhar o dia é necessário trabalhar mais de doze horas, remata este motoqueiro.

Motorrad-Taxi in São Tomé und Principe
Cada vez mais motoqueiros aumentam a competiçãoFoto: DW/E. Barros

Imprudência na condução e desrespeito das regras vigentes

Só em Água Grande, o distrito mais populoso do país, existem cerca de 800 motoqueiros. Mas apenas 170 estão filiados na Associação dos Motoqueiros. Aurélio Baia, presidente desta associação, sabe dos problemas relacionados com a falta da carta de condução, mas diz que nem todos os acidentes são causados por motoqueiros. Também outras pessoas que andam de motorizada causam acidentes: “Só que todo o mundo acha que qualquer um que anda de moto é táxi”.

Para o cirurgião Pascoal d’Apresentação esta não deve ser a justificativa para a imprudência na condução: “Muitos deles não têm motos próprias, nem carta de condução. Transgridem tudo o que é regra de trânsito, para andarem mais depressa.

Motorrad-Taxi in São Tomé und Principe
A violação das regras de trânsito está na origem da maioria dos acidentesFoto: DW/E. Barros

Hoje, Cristiano Rompão voltou a trabalhar como motoqueiro, numa motorizada de três rodas. Com seis filhas e a esposa para sustentar, precisa continuar a trabalhar. E ser motoqueiro ainda é a sua única opção.

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