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Ausente de votação, oposicionista PRS vê lei de eleições "inconstitucional" em Angola

25 de outubro de 2011

Com maioria, Assembleia Nacional angolana aprovou na generalidade lei sobre eleições nesta terça-feira (25.10). Partido da Renovação Social quer revisão e se ausentou por considerar que presidente controla processo.

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Para PRS, segunda força de oposição de Angola, presidente José Eduardo dos Santos (foto) teria apresentado lei eleitoral diferente da prevista na Constituição
Para PRS, segunda força de oposição de Angola, presidente José Eduardo dos Santos (foto) teria apresentado lei eleitoral diferente da prevista na ConstituiçãoFoto: AP

A chamada "lei orgânica sobre as eleições gerais" foi aprovada com 169 votos a favor, 18 contra e nenhuma abstenção. E as leis do registo eleitoral e da observação eleitoral obtiveram 168 votos favoráveis, 18 contra – e nenhuma abstenção.

A aprovação deste pacote legislativo, que tem gerado controvérsia na vida polítca angolana, ficou marcado pela ausência no debate do Partido da Renovação Social (PRS), segunda força da oposição (com 8 deputados de um total de 220 na Assembleia).

A Deutsche Welle falou com Joaquim Nafoia, secretário de informação do PRS, sobre os motivos da ausência.

Deutsche Welle: Porque o PRS se ausentou da votação do pacote legislativo?

Joaquim Nafoia: O PRS ausentou-se porque o PRS fez parte da aprovação da Constituição. E nós que aprovamos esta Constituição não podemos admitir que o [partido governista angolano] MPLA cria artimanhas com o objetivo de perpetuar-se no poder, no sentido de violá-la [a Constituição].

O MPLA apresentou um pacote eleitoral inconstitucional. Este pacote eleitoral que foi aprovado não tem como ser corrigido. Na nossa ótica, tinha que ser corrigido da primeira letra até a última. Então entendemos que tínhamos que nos ausentar – porque não podemos fazer parte do golpe da “contra-constituição” que aprovamos

DW: Porque diz que este novo pacote legislativo eleitoral é anticonstitucional?

JN: O artigo 107 da Constituição diz que os processos eleitorais devem ser organizados pela Comissão Nacional, ou seja, por um órgão independente.

Ora, o pacote apresentado por José Eduardo dos Santos [presidente angolano e líder do MPLA]… Temos que ser claros porque o Executivo é um órgão auxiliar, quem manda é José Eduardo dos Santos. Ele apresentou o pacote eleitoral e inconstitucional. Ele chama a si toda a responsabilidade do processo eleitoral e relega a Comissão Eleitoral Nacional para um órgão submisso – praticamente como um órgão supervisor.

Nós não vamos aceitar isso. Este é apenas o primeiro passo e, caso o MPLA não mude, vamos dar outros passos. Ou seja, vamos organizar manifestações, mas serão manifestações permanentes até que o regime tome outras providências.

DW: Tendo em conta este novo pacote legislativo aprovado, que consequências poderá ter a lei nas próximas eleições gerais em Angola?

JN: Se o MPLA não mudar, não teremos eleições. Vamos fazer tudo no sentido de obrigar o regime a rever – porque se o regime não ceder, vamos tomar outras providências. O MPLA – ou seja, José Eduardo dos Santos – não tem o direito de arquitetar fraudes, de aprovar leis para realizar uma eleição enganando as pessoas, [dizendo] que são eleições, quando no fim é uma farsa devidamente organizada. Não vamos permitir isso.

Essa lei foi aprovada apenas na generalidade – ainda vai ser analisada na especialidade. E vamos esperar que, na especialidade, os nossos irmãos do MPLA ganhem consciência de que o país é de todos e não uma propriedade de José Eduardo dos Santos. Caso isso não aconteça, então JES assumirá todas as responsabilidades.

Autora: Glória Sousa
Edição: Renate Krieger / António Rocha

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