Automobilistas agradecem a trégua em Moçambique
28 de dezembro de 2016Tinache Simate está bastante satisfeito por não ter de ouvir mais o som das armas ao longo da viagem. Este camionista aplaude a trégua declarada na terça-feira (27.12) pelo líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição.
"Com esta cessação das hostilidades, vamos andar bem e sem depender de outrem", diz.
Para Marta Francisco, este é um regresso desejado à normalidade - pelo menos, durante sete dias: "Eu, como negociante, já passava mal. Os meus produtos ficavam deteriorados pelo caminho por causa do tempo de espera na estrada, em virtude dos ataques".
Trégua não chega
Mas o passageiro Augusto Matias diz que esta trégua tem de dar lugar a uma paz efetiva e duradoura. O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou que esta cessação de hostilidades deve servir para encorajar o diálogo. Matias diz que a abertura manifestada pelo Presidente da República para conversar com Dhlakama é bem-vinda, tal como o posicionamento do líder da oposição.
"Devia ser assim para sempre", afirma. "Não devia ter condicionalismos somente de uma semana. Gostaríamos que assim fosse para sempre."
Jorge António, um condutor de um transporte de passageiros, concorda.
Apesar da trégua, continua a haver na estrada colunas militares para garantir a ordem e segurança. Segundo os automobilistas e passageiros, o ideal seria cessar de vez com as hostilidades e com as colunas, que fazem com que se perca horas a fio no trânsito.
"Porque o que queremos é a paz para andarmos livres", comenta António. "Quando não houver colunas, iremos carregar os passageiros sabendo que vamos viajar sem paragens. Gostaria que a medida fosse para sempre."
Forças de segurança no terreno
Elsídia Filipe, porta-voz do Comando Provincial da polícia em Manica, no centro de Moçambique, recusou prestar depoimentos sobre a trégua, remetendo o assunto para o Comando Geral.
Na terça-feira, a Polícia da República de Moçambique anunciou que iria continuar com as operações no terreno para "garantir a ordem e segurança" da população no centro de Moçambique. Segundo a polícia, as Forças de Defesa e Segurança "cumprem um mandato constitucional", podendo, por isso, posicionar-se em qualquer ponto do país.