Movimento desafia João Lourenço a falar sobre Lunda Tchokwe
14 de outubro de 2020O Presidente angolano, João Lourenço, fala na quinta-feira (15.10) sobre o Estado da Nação marcando a abertura do ano parlamentar 2020-2021.
Em comunicado, o Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT) refere que a autonomia daquela região, que compreende as províncias do Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte, "é um direito histórico divino e legítimo do povo tchokwe que o Presidente não deveria ignorar na sua alocução".
O MPPLT, que reafirma ser um protetorado e não uma ex-colónia portuguesa, recorda que uma das promessas do Presidente angolano foi de "dar ouvido a todas as sensibilidades", mas o que se assiste, sublinha, "são portas fechadas em torno de si".
"Inviabilizando o debate sobre a questão, não há espaço para o diálogo e concertação no momento em que a reivindicação é ainda pacífica", ao longo dos 14 anos de existência do movimento, lê-se no comunicado citado pela agência de notícias Lusa.
Ameaça velada
Para este movimento que defende a autonomia do leste de Angola, chegou a hora de o presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder deste 1975) e de Angola dizerem ao mundo e aos angolanos a verdade histórica do território Lunda.
"Chegou a hora da verdade em que o Presidente [João Lourenço] deve falar ao povo [...] se não resolvermos, não dialogarmos com a Lunda, estamos a abrir uma brecha de um conflito pacífico para o violento", afirma.
A Assembleia Nacional é "o palco onde o Presidente ao discursar sobre a problemática da paz e da segurança ou da estabilidade política não deveria esquecer a questão da Lunda".
Segundo o MPPLT, é necessário que o Presidente angolano fale publicamente sobre a questão da Lunda Tchokwe e proponha caminhos para a solução desta controvérsia.
"Estamos preparados para dialogar com o Governo do MPLA a qualquer momento", asseguram.
Na parte final do comunicado, o movimento considera ainda que João Lourenço "não deveria ignorar por muito tempo o diálogo a manter a atual situação".
Porque, observa, o povo Lunda Tchokwe "ver-se-á obrigado e forçado" a "anunciar e proclamar unilateralmente" o "Governo Independente da Lunda Tchokwe, criadas que estão as condições humanas, psicológicas e materiais para o efeito".