Autoridades da RDC não autorizam manifestação em Kinshasa
30 de dezembro de 2017Na República Democrática do Congo (RDC), o governador de Kinshasa, Andre Kimbuta, justificou a decisão das autoridades de não autorizar a manifestação organizada pelos católicos. Segundo Kimbuta, "a cidade não tem policiais suficientes para supervisionar esta marcha". "Portanto, não reconheço a autorização solicitada", acrescentou.
Cerca de 150 igrejas católicas planearam protestar em Kinshasa, este domingo (31.12), para pedir ao Governo que implemente um acordo de compromisso, assinado há um ano, com o objetivo de forçar a saída do Presidente Joseph Kabila e restaurar a estabilidade no país atingido pela crise.
Numa carta ao governador, um comitê de coordenação secular disse que o acordo assinado na véspera de Ano Novo, há um ano, é "o único caminho viável" para conseguir eleições credíveis na RDC.
Kabila e o poder
Joseph Kabila assumiu o poder depois que seu pai, Laurent Kabila, foi assassinado em 2001 no auge da Segunda Guerra do Congo. Kabila recusou-se a deixar a Presidência no final de seu segundo e último mandato, em dezembro de 2016.
No âmbito do acordo de compromisso, as eleições deveriam ter lugar até dezembro de 2017, mas foram adiadas repetidamente. O motivo, segundo o Governo, é a violência na região do Kasai.
Kabila está impedido pela Constituição de concorrer a um terceiro mandato, mas pode permanecer no cargo até as próximas eleições, agora marcadas para 23 de dezembro de 2018. O adiamento constante do pleito presidencial aumentou as tensões na RDC.
Uma campanha de protesto liderada pela oposição do país foi reprimida pela polícia, o que levou a mortes e prisões.
Ativistas libertados
Três ativistas pró-democracia foram libertados depois de passarem cinco meses na prisão, informou a organização Justicia ASBL (ou Justiça - Associação sem Fins Lucrativos, em português literal) na sexta-feira (29.12).
Jean Mulenda, Jean-Pierre Tshisitshabu e Patrick Mbuya deixaram a prisão central de Kasapa, na segunda maior cidade do país, Lubumbashi, disse a organização num comunicado.
Eles foram condenados a cinco meses de prisão por organizar "uma marcha anárquica" e incitar a "desobediência civil" no passado dia 31 de julho, em Lubumbashi.
Os ativistas disseram que a marcha pretendia invocar a Comissão Eleitoral do país a anunciar rapidamente a data de eleições, há muito atrasadas.
Outro ativista preso durante a marcha de julho passado, Timothee Mbuya, foi sentenciado a pena de prisão de 12 meses e continua preso.