Autárquicas: RENAMO retoma protestos em Maputo
2 de novembro de 2023Militantes e simpatizantes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO, o maior partido da oposição), voltaram hoje a marchar nas ruas de Maputo para reclamar a vitória nas eleições autárquicas de 11 de outubro.
Na sexta-feira passada (27.10), houve escaramuças num protesto semelhante. A polícia interrompeu a manifestação, no centro da cidade, lançando gás lacrimogéneo e detendo várias pessoas. A marcha de hoje em Maputo decorreu sem a presença da Polícia de Intervenção Rápida.
O cabeça de lista da RENAMO em Maputo, Venâncio Mondlane, explicou aos populares que não é apanágio do partido fazer distúrbios e pediu aos manifestantes que entregassem à polícia os autores da desordem na semana passada.
"Não vamos permitir [isso] aos infiltrados... porque eles mandam infiltrados entrar no nosso meio e começar a destruir, para depois dizerem que é a RENAMO", afirmou Mondlane.
O político informou que continuam presos 32 cidadãos que participaram nas marchas da sexta-feira passada, em Nampula e Maputo.
Oposição promete manter pressão
Os manifestantes deram a Venâncio Mondlane "carta branca" para seguir em frente e lutar "pela justiça eleitoral" no pleito de 11 de outubro, apesar dos supostos ataques da polícia.
"No outro dia, atiraram contra nós e atingiram dez irmãos com balas, mas todos os irmãos já tiveram alta e estão aqui connosco", disse Mondlane. "Há alguma bala que vai fazer você recuar? Há algum gás lacrimogénio que vai fazer você recuar? Há algum blindado que vai fazer você recuar?"
Vários jovens detidos na sexta-feira passada participaram na marcha de hoje. "A minha detenção serviu como uma graduação, uma emancipação, para que eu me tornasse, de forma oficial, membro da RENAMO. Se, porventura, for preso de novo, não digam que foi um [simpatizante], mas um membro da RENAMO", disse um dos jovens aos jornalistas.
A RENAMO protesta, entre outros motivos, contra a derrota eleitoral na cidade de Maputo, anunciada na semana passada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), e ainda aguarda o pronunciamento do Conselho Constitucional sobre o recurso submetido a este órgão. A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) disse que aguarda "com serenidade" o desfecho do contencioso.