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"África próspera é do interesse da Europa"

Lusa
31 de julho de 2022

Em entrevista à Lusa, o presidente do Afreximbank defendeu ainda que a criação da zona de livre comércio em África é um "milagre" e que se a Europa quer atacar as mudanças climáticas, deve apoiar o acordo.

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COVID-19 I Stau im Grenzgebiet Kenia und Uganda
Foto: Getty Images/AFP/B. Ongoro

O presidente do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank) afirmou, em entrevista à Lusa, que "é do interesse da Europa que África se desenvolva, porque uma África próspera cria um mercado vibrante e dinâmico que pode sustentar o desenvolvimento europeu dos próximos anos, tendo em conta a dinâmica demográfica".

Em declarações à margem da sua participação no Fórum Eurafrica, que decorreu, recentemente, em Carcavelos, nos arredores de Lisboa, Benedict Oramah explicou que "uma África próspera teria tratado da migração desordenada que tanto preocupa a Europa; uma África próspera contribui mais facilmente para a economia global e torna mais fácil aproveitar os seus abundantes recursos em termos de produtos que pode exportar, diversificando-se para além da simples exportação de matérias-primas".

"Uma África mais próspera torna mais fácil a sua participação no crescimento verde, porque é no nosso continente que está a maioria das matérias-primas necessárias para os veículos elétricos", acrescentou.

Zona de livre comércio

Na mesma ocasião, o presidente do Afreximbank considerou que a criação da zona de livre comércio continental é um milagre e que se a Europa quer atacar as mudanças climáticas, deve apoiar o acordo.

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"Negociámos um acordo desta natureza, entre 55 países, não é fácil, é um milagre estarmos onde estamos hoje, termos um acordo assinado entre 55 países, uns pequenos, outros grandes, onde nada é uniforme, com diferentes passados coloniais e sistemas legais e de pensamento, é um milagre termos chegado até aqui".

O acordo que institui a zona de livre comércio em África entrou em vigor no ano passado, depois da ratificação pela maioria dos países aderentes, e engloba um mercado com 1,3 mil milhões de habitantes, abarcando todo o continente.

"O ponto em que estamos empenhados agora é o mecanismo de ajustamento, para ser mais fácil aos países de baixo rendimento adaptarem-se ao regime mútuo em termos da remoção de tarifas alfandegárias, que fará descer as receitas orçamentais; é um instrumento muito importante, porque no fim de contas é o que faz com que as fronteiras fiquem abertas ou fechadas", disse o presidente do Afreximabank, que aprovou uma alocação de mil milhões de dólares, sensivelmente o mesmo em euros, para acomodar a perda de receita de alguns Estados.

Alterações climáticas

"Temos muita esperança no AfCFTA, porque é a maneira mais rápida de África chegar à emissão de carbono zero", argumentou Oramah, lembrando que o envio de navios de carga é o terceiro responsável pelas emissões de gases nocivos para a atmosfera.

"O 'shipping' é o terceiro maior emissor de gás com efeito de estufa, a seguir à China e aos Estados Unidos, por isso a ideia de levar materiais de África para a Europa, a China ou a América por barco, e depois voltar a trazer os produtos transformados está a poluir o ambiente", afirmou, acrescentando que "se os europeus e na mitigação das alterações climáticas, deviam apoiar o acordo para África ter cadeias de valor regionais", que assim poupariam também nas emissões poluentes, concluiu.

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