Banco de Moçambique aumenta taxas de juro
21 de outubro de 2016O Comité de Política Monetária do Banco Central anunciou esta sexta-feira (21.10) um aumento em 600 pontos base, com efeitos imediatos, das taxas de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez e de depósitos - taxa paga pelos bancos comerciais ao Banco Central.
Decidiu ainda unificar os coeficientes de reservas obrigatórias para 15,5% para a componente em moeda nacional e estrangeira, a partir do próximo dia 22 de novembro.
Com estas decisões, o órgão "pretende alinhar as taxas de juro de referência às condições atuais de mercado, tornando-as positivas em termos reais e retirar o excesso de liquidez no sistema bancário", avançou em conferência de imprensa, em Maputo, o governador do banco central, Rogério Zandamela.
O responsável anunciou ainda como medidas adicionais "introduzir o report obrigatório, três vezes ao longo do dia, ao Banco de Moçambique as taxas de câmbio praticadas pelos bancos comerciais nas transacções com o público", informação a ser disponibilizada ao mercado pelo Banco Central.
Impacto negativo na economia
O governador do Banco de Moçambique indicou como contexto das actuais medidas os choques internos e externos com impactos na actividade económica, incluindo as calamidades naturais que afectam o país e o conflito militar.
Entre os motivos apontados pelo governador estão também a suspensão da ajuda por parte dos doadores internacionais e a volatilidade dos preços das matérias-primas.
Rogério Zandamela reconheceu que se assiste a uma rápida aceleração da inflação, que superou as taxas de juro do Banco de Moçambique, que passaram a ser negativas em termos reais.
Disse ainda que o sistema bancário apresenta um excesso de liquidez que coloca pressão sobre a procura no mercado. E perante restrições na oferta de divisas, isso tem contribuído para o enfraquecimento do metical face às moedas dos principais parceiros.
Mercado sob constante pressão
Segundo Rogério Zandamela, adicionalmente observa-se que o mercado cambial tem estado sob constante pressão devido, em parte, a factores directamente relacionados com os fundamentos económicos, o que torna o processo de formação das taxas de câmbio menos transparente.
De acordo com as projeções do Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique, o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer em 2016 entre 3 e 4% e a inflação anual situar-se acima dos 30%.
"O défice da balança comercial caiu em 40% no primeiro semestre em relação ao ano anterior e as importações totais caíram em comparação com igual período de 2015 em pouco quase 28%. As exportações diminuíram em 15%, mas as importações caíram muito mais, o que explica uma melhoria na balança comercial", revelou o governador do banco central.
Ainda de acordo com Zandamela, as reservas internacionais têm mostrado uma tendência decrescente desde o início do ano. "Só cobrem as nossas reservas não mais de três meses das importações. Estamos em níveis críticos", anunciou.