Banco Mundial quer erradicar pobreza extrema até 2030
3 de abril de 2013
O objectivo do presidente do Banco Mundial é claro. Jim Yong Kim quer que a pobreza extrema seja erradicada até 2030 e aumentar os rendimentos dos 40% mais pobres das populações de todos os países.
"Estamos num momento auspicioso da história", considera Yong Kim. De acordo com o presidente da instituição, "há uma combinação entre os êxitos ocorridos nas décadas passadas com uma perspectiva económica cada vez mais favorável", pelo que, "pela primeira vez, esta combinação dá uma oportunidade aos países em desenvolvimento de pôr fim à pobreza extrema na próxima geração".
O dever do Banco Mundial, diz ainda, "é agora garantir que estas circunstâncias favoráveis se conjuguem com propostas claras e acção imediata para aproveitar esta oportunidade histórica".
Jim Yong Kim considera que esta meta é um desafio para os estados mais frágeis ou onde haja conflitos armados, onde "vive uma parte importante e crescente da população". Nestes países, afirma o presidente do Banco Mundial "tanto a necessidade de desenvolvimento como os respectivos obstáculos para que tal aconteça tendem a ser maiores". Por isso, conclui que "os estados frágeis devem estar no centro de qualquer agenda para pôr um ponto final na pobreza extrema".
Cumprimento do objectivo será diferente de país para país
A DW África quis tentar perceber de que forma a pobreza extrema pode desaparecer até 2030. Professora no Centro de Estudos Africanos do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, em Portugal, Cristina Rodrigues afirma que existem indicadores positivos que levam a concluir que o objectivo agora definido pelo Banco Mundial pode realmente acontecer.
Contudo, Cristina Rodrigues considera que o desafio não vai ser igual para Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe.
"As questões da desigualdade, em países como Angola, a questão dos estados frágeis politicamente, como a Guiné-Bissau, ou outras questões específicas colocadas a cada um dos países definem obviamente aquilo que tem que ser feito em cada um", exemplifica a especialista, frisando que "há diferenças entre eles e obviamente será mais difícil consegui-lo nuns do que noutros".
A professora no Centro de Estudos Africanos considera ainda que a iniciativa para erradicar a pobreza extrema nos países africanos de língua portuguesa tem de partir do estado, em articulação com os apoios externos e de outros actores da sociedade civil.
Mais ajuda para além da financeira
Para que os objectivos possam ser cumpridos, o presidente do Banco Mundial sublinha também que a tarefa de terminar com a pobreza extrema exige esforços extraordinários e uma aceleração do crescimento económico.
Entretanto, esta quarta-feira (3.04), um relatório da Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento (OCDE) indicava que a ajuda monetária dos países ricos para os países pobres diminuiu 4% em valor real em 2012, por causa das crises económica e financeira e da turbulência vivida na zona euro.
Neste sentido, em que medida se podem exigir esforços extraordinários? Cristina Rodrigues explica que este esforço pode não passar pela transferência pura de dinheiro, estando relacionado com "uma mudança de perspectiva". Segundo a especialista, "será mais necessário ajudar os países em termos do desenvolvimento das capacidades institucionais, das estruturas de distribuição, em termos de governação, direitos humanos, etc., do que continuar a apostar nestas transferências directas".
Para Cristina Rodrigues, o mais difícil será erradicar a pobreza geral e relativa e não apenas a extrema, mas até se conseguir este objectivo a especialista considera que ainda há muito trabalho pela frente.