Bastonária da Ordem dos Médicos garante continuar no cargo
23 de outubro de 2020Elisa Gaspar, que falava na quinta-feira (22.10) à imprensa sobre as acusações de desvio de fundos e gestão danosa da Ordem dos Médicos angolana (ORMED), situação que contribuiu para a sua destituição aprovada pelo conselho norte, voltou a negar as acusações, afirmando serem caluniosas.
Segundo a médica angolana, que sustentou as suas declarações distribuindo documentos aos jornalistas, a sua direção já abriu dois processos-crime no Serviço de Investigação Criminal (SIC) e na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os acusadores.
"Não houve desvios de fundos e abrimos dois processos-crime no SIC e na PGR e acredito que todas essas questões de desvios de fundos e de património será resolvido em justiça porque nós quando caluniamos temos de ter provas", afirmou.
"Campanha de difamação"
O conselho regional norte da ORMED aprovou, no sábado passado, a destituição de Elisa Gaspar, devendo ser promovidas novas eleições em 90 dias.
De acordo com a deliberação aprovada no final da assembleia-geral extraordinária e lida por Arlete Luyele, presidente da assembleia do Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos, além da destituição foi também decidido criar uma comissão de inquérito para analisar as irregularidades e promover uma auditoria independente.
Elisa Gaspar, há mais de um ano no cargo de bastonária da ORMED, é acusada de "descaminho de fundos e gestão danosa" da instituição, entre os quais um alegado desvio de 19 milhões de kwanzas (24.000 euros), e de "outros gastos injustificados".
Para a bastonária da ORMED, alguns dos seus ex-colaboradores, já demitidos, "estão a liderar" a que denomina "campanha de difamação e de falsificação de documentos".
Recordou que o antigo diretor do seu gabinete foi afastado da instituição por falsificação de documentos, acusa os seus colegas de "ambição desmedida" e afirma que os 19 milhões de kwanzas foram cedidos à Ordem pela ministra da Saúde.
"Isso trata-se de um pouco de ambição desmedida dos colegas porque achavam que a Ordem tinha muito dinheiro e queriam usufruir dos fundos quando a mesma tem dificuldades", apontou.
Dívida
Elisa Gaspar revelou também que quando assumiu o cargo "não havia nada" na ORMED e que encontrou uma dívida de 21 milhões de kwanzas, situação que a levou a solicitar o apoio à ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.
"Quando cheguei aqui não tinha nada e pedi esses valores à ministra e quase 10 milhões de kwanzas foi para pagar salários, outros seis milhões foi para comprar todo o material informático e o que sobrou pagamos água, porque encontrei uma dívida de 21 milhões de kwanzas", explicou.
A direção da ORMED anunciou, na segunda-feira, que a bastonária "continua em funções até ao final do seu mandato" e considerou a sua anunciada destituição como uma "tentativa de manipulação da opinião pública".
Em nota de esclarecimento enviada à agência de notícias Lusa, o gabinete de comunicação institucional da ORMED diz que tomou conhecimento da suposta destituição da sua bastonária por via da comunicação social.
Em declarações à imprensa, na quinta-feira, Elisa Gaspar recordou que foi eleita "democraticamente" e que vai "cumprir o seu mandato" de três anos.
"Há sempre eleições e as pessoas têm de se preparar para as próximas eleições, fazerem as suas candidaturas, as suas campanhas e ganharem porque não pode ser por via da força", concluiu.