População do Bengo apavorada com as cheias
11 de janeiro de 2024Até ao momento, registam-se 200 casas destruídas, com um número equivalente de famílias agora acolhidas em locais provisórios. O medo e a incerteza permeiam a população, que relata o avanço devastador das águas do rio Dande.
"A água invadiu o bairro, as casas estão a cair. Desde que nasci, nunca vi algo assim", relata um morador afetado.
"Não há solução porque a água está a vir com muita força," descreve uma mulher.
Outra moradora acrescenta: "Aqui está inundado, essa parte está submersa, Caboxa já está debaixo de água. Pedimos apoio para que possamos nos refugiar lá".
Perante o cenário preocupante, o Governo angolano mobilizou esforços para realojar as populações afetadas.
"[As pessoas] estão a ser realojadas em locais seguros, como escolas e outros lugares. É um trabalho inicial de contingência, para que estas famílias venham a ser reassentar de forma efetiva noutros locais," confirmou à DW o administrador comunal de Caxito, José Matoso de Andrade.
Pedido de apoios
Com o realojamento provisório e as fontes de renda das vítimas prejudicadas, a atenção agora volta-se para a alimentação dessas famílias. A Governadora do Bengo faz um apelo urgente, solicitando apoio não apenas do Estado, mas também da sociedade civil.
"Estamos a fazer de tudo fazer para que se possa mobilizar esforços para socorrer esta população em termos de alimentação. Elas viviam em áreas ribeirinhas e os seus campos ficaram inundados. Vão ficar sem alimentação. Precisamos de fuba de milho, massa alimentar, conservas de carnes, para podermos fornecer alimentação a esta população", destaca Maria Antónia Nelumba.
Além do impacto nas famílias, infraestruturas públicas como pontes, escolas e até mesmo o estabelecimento prisional de Caboxa encontram-se em perigo.
Conter o avanço das águas
Para evitar futuras inundações em Caxito, o analista Amílcar de Armando sugere que se faça o "assoreamento da albufeira para permitir que o reservatório continue a acumular cada vez mais água". Outra opção, "que pode ser a médio ou longo prazo, seria o alargamento da albufeira [entretanto, um reservatório de água criado por uma barragem]," pontua.
A situação permanece crítica, exigindo uma resposta coordenada e urgente para superar os desafios que a população do Bengo enfrenta neste momento.