Bissau: Avião retido é "negócio ilícito"
10 de dezembro de 2021Nuno Nabiam foi chamado à Assembleia Nacional Popular (ANP) para responder a várias questões dos deputados, incluindo sobre a polémica instalada em torno do Airbus A340, que se encontra retido no país. A polémica chegou a gerar um mal-estar entre o chefe do Governo e o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.
Durante os 30 minutos em que falou sobre o caso, o primeiro-ministro revelou que "o avião foi registado e matriculado na Guiné-Bissau, é um negócio ilícito".
No entanto, Nabiam disse que a equipa de peritos internacionais que investigou o caso lhe avançou, de forma preliminar, que a aeronave "não tem nem drogas, nem armas, nem explosivos".
"Queremos livrar-nos do avião"
O primeiro-ministro afirmou ainda que alguns titulares do órgão de soberania guineense tinham conhecimento da vinda do avião ao país, mas não mencionou nomes.
"Nós, de facto, queremos livrar-nos deste avião. Que vá e que não tenhamos nada a ver com ele. Mas quero perguntar: Como é que este avião vai sair daqui?"
A polémica à volta do avião levou o Governo a pedir a inspeção internacional. A aeronave foi aberta na madrugada de quinta-feira (09.12), mais de um mês depois de ter sido retida no país.
Críticas ao Ministério Público
O Ministério Público guineense manteve-se em silêncio desde que o Airbus A340 foi retido, mas criou entretanto uma comissão de inquérito para averiguar as circunstâncias da aterragem do aparelho em Bissau.
Ainda assim, o jurista Suleimane Cassamá diz que a intervenção do Ministério Público no processo tem sido "completamente infeliz", porque "estava em condições de contactar o Governo ou o gabinete do primeiro-ministro para solicitar ou exigir a sua participação na inspeção ao avião".
Segundo o primeiro-ministro, dois peritos norte-americanos "contratados" pelo Governo para inspecionar o avião suspeito foram detidos por várias horas, a mando do Ministério Público, mas já foram postos em liberdade. Nuno Nabiam diz que isto pode criar ao país "um incidente diplomático" com Washington.
Por fim, Nabiam afirmou aos deputados que está agora à espera do relatório dos peritos internacionais para o entregar aos órgãos de soberania guineense e provar ao mundo "a inocência" do Estado da Guiné-Bissau no caso.