Bissau pede substituição do representante da ONU na Guiné-Bissau
19 de outubro de 2012Segundo o porta-voz do governo guineense e Ministro da Presidência, Fernando Vaz, “as autoridades de transição da Guiné Bissau não querem mais a presença no país do Sr. Mutaboba, pois ele não tem desempenhado um papel de imparcialidade” desde o golpe de Estado militar de 12 de abril.
Desconhece-se, por enquanto, qualquer comentário por parte da ONU em Bissau.
Em declarações à imprensa em Bissau, Fernando Vaz disse ainda que o representante especial do secretário geral da ONU na Guiné-Bissau “não presta um serviço ao nosso país e não é capaz de ajudar na construção da paz”. Segundo as autoridades guineenses, desde o golpe de Estado, Joseph Mutaboba não “dialogou com as autoridades de transição, mas deslocou-se várias vezes a Lisboa, capital portuguesa, para discutir com o regime destituído”. Daí que Fernando Vaz tenha questionado: “será que é isso a construção da paz?”.
General Indjai também solicitou substituição de Mutaboba
Também na semana passada, o chefe de estado-maior do exército guineense, o general António Indjai, solicitou, junto de jornalistas, a substituição do responsável da ONU em Bissau, tendo afirmado na altura: “se me coubesse a decisão de o expulsar, já o tinha declarado persona non grata”. A informação foi veiculada pela agência France Presse (AFP) num despacho enviado desde a capital guineense.
Joseph Mutaboba foi nomeado em fevereiro de 2009 por Ban Ki-moon como seu representante na Guiné Bissau e, a este título, dirige o gabinete das Nações Unidas para a consolidação da paz naquele país lusófono da África Ocidental, confrontado com uma grande instabilidade política e militar, na qual o exército tem um papel preponderante, alegadamente reforçado pelo tráfico de drogas.
Autor: Braima Darame (Bissau) /António Rocha (com AFP)
Edição: António Cascais