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Bissau: Segurança do PR acusada de espancar deputado

Lusa
13 de novembro de 2023

O Partido da Renovação Social (PRS) da Guiné-Bissau acusou elementos da segurança da Presidência da República de espancarem um deputado desta força partidária que apoia a coligação PAI-Terra Ranka, que governa o país.

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Foto: DW/B. Darame

O PRS atribuiu "à segurança do perímetro da Presidência da República atos de profunda violência e de espancamento" alegadamente praticados "contra o deputado da Nação Farid Michel Tavares Fadul (Cuca Fadul)".

A acusação foi feita num comunicado, assinado pelo presidente interino do partido, Fernando Dias da Costa, em que o PRS "condena com toda veemência e energia os atos" referidos e exorta o Governo a instaurar o "competente processo para apurar responsabilidades civil e disciplinar dos autores".

O partido reclama também uma concertação entre o Governo e a Presidência da República na promoção de ações disciplinares que, defende, "devem culminar no afastamento dos agentes implicados no caso".

O PRS alerta, ainda, "a opinião pública nacional e internacional sobre as consequências que um ato desta natureza pode acarretar".

O deputado que se queixa de ter sido agredido, Cuca Fadul, explicou esta segunda-feira (13.11), em conferência de imprensa, que os factos ocorreram no sábado (11.11), quando se encontrava a fazer filmagens, com um drone, da avenida Amílcar Cabral, em Bissau.

Na referida avenida decorrem os preparativos para as comemorações dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau, agendadas para quinta-feira (16.11), com a presença de diversos chefes de Estado, tendo sido anunciada, nomeadamente, a vinda do presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, bem como a do primeiro-ministro demissionário, António Costa.

O deputado alegou que estava no carro, a ver imagens que tinha feito daquela zona, quando, de repente, "apareceram jovens não identificados" e um, que estava de fato escuro, abriu a porta da viatura, tirou-lhe o drone e começou a ver as imagens.

Segundo contou, chegou depois outra viatura sem matrícula, de onde saiu um agente à paisana, que terá ordenado aos que já ali estavam que lhe batessem.

O deputado descreveu uma "agressão brutal" com "mais de sete agentes" fardados e não fardados em cima dele, a bater com a coronha da arma na cabeça e no olho.

"Se sabem que é um deputado e fazem isto, imagine se for um cidadão comum", acrescentou.

O deputado esteve acompanhado, na conferência de imprensa, pelo líder da bancada parlamentar e vice-presidente do PRS, Mário Fambé, para quem "o que aconteceu, já aconteceu muitas vezes, desde 2020", ano em que o atual Presidente da República foi eleito.

O líder parlamentar expressou solidariedade ao deputado e considerou que o caso "devia ter uma atenção especial do Presidente", defendendo que "não é bom dentro da Presidência da República haver alguém que cometa este tipo de ato".

O parlamentar deixou o alerta ao chefe de Estado guineense, dando o exemplo do que aconteceu em Portugal com a demissão do primeiro-ministro, António Costa, devido a alegados atos daqueles que o rodeiam.

Contactada pela Lusa, a Presidência da República da Guiné-Bissau respondeu que não se pronuncia sobre o assunto.

O PRS apoia no parlamento a coligação que governa a Guiné-Bissau e a acusação do alegado espancamento de um dos seus deputados acontece na véspera da primeira sessão plenária da Assembleia Nacional Popular, com início agendado para terça-feira.

O parlamento guineense tem 102 deputados representativos de nove partidos, sendo o MADEM-G15, o partido do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, o único da oposição, integrando todos os outros a coligação em maioria no parlamento, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

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