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Botsuana diz que Moçambique já consegue combater terroristas

Lusa
31 de dezembro de 2023

O Presidente do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, afirmou que Moçambique conseguiu desenvolver uma capacidade militar superior à dos terroristas que atuam em Cabo Delgado, onde aquele país africano tem forças de apoio.

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Mokgweetsi Masisi, Presidente do Botsuana
Mokgweetsi Masisi, Presidente do BotsuanaFoto: DW

O chefe de Estado do Botsuana visitou no sábado (30.12) os militares daquele país que integram a Missão de Assistência Militar Internacional de Segurança (SAMIM) em Cabo Delgado, norte de Moçambique, ao Teatro Operacional Norte (TON), acompanhado pelo ministro da Defesa Nacional moçambicano, Cristóvão Chume.

"Desde 2021, Moçambique desenvolveu uma capacidade que supera a dos insurgentes", afirmou Masisi na sua conta oficial na rede social X, acrescentando que a missão da SAMIM "foi formada com base em ideais muito fortes, onde quando um país está sob ataque e precisa de ajuda, outros países são obrigados a oferecer assistência".

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu em 22 de novembro "decisões" sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em Cabo Delgado, nomeadamente com reservistas, tendo em conta a prevista retirada das forças estrangeiras que apoiam no terreno contra os grupos terroristas.

"Decisões concretas sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em relação à sua ação no combate ao terrorismo em Cabo Delgado no período após a retirada das forças amigas da SAMIM e do Ruanda", apelou, ao intervir, em Maputo, na abertura do XXIV Conselho Coordenador do Ministério da Defesa Nacional.

"Para o efeito, a vossa reflexão deve igualmente avaliar a forma de melhor capitalizar o manancial de reservistas, empenhando-os direta ou indiretamente em várias missões em prol da defesa da soberania e integridade territorial do nosso país. E a realidade atual justifica", acrescentou, dando como exemplo os antigos combatentes da luta de libertação, que ainda "são úteis, mesmo depois de 40 anos".

Na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, Nyusi destacou a importância de "convocar o cidadão" e a sociedade em geral para "participarem ativamente no esforço de defesa nacional".

Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique
Filipe Nyusi, Presidente de MoçambiqueFoto: Phill Magakoe/AFP/Getty Images

Missão em Cabo Delgado prolongada 

A cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) aprovou em agosto passado a prorrogação da missão em Cabo Delgado, Moçambique, por 12 meses, até julho do próximo ano.

Segundo o comunicado final da 43.ª cimeira dos chefes de Estado e de Governo da SADC, o encontro também felicitou os Estados-membros, a liderança e o pessoal da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM, na sigla em inglês) pela sua dedicação e contribuição no apoio à missão visando o alcance da paz e segurança na província de Cabo Delgado.

Uma missão de avaliação propôs em julho passado a retirada completa dos militares da SAMIM em Cabo Delgado até julho de 2024, assinalando que a situação na província "está agora calma", apesar de os riscos prevalecerem.

A análise da situação aponta como riscos decorrentes da permanência da SAMIM por mais um ano o "crescente 'stress' financeiro dos Estados-membros e falta de orçamento para ações de mobilização das comunidades para o apoio às tropas estrangeiras".

Além da SAMIM e das forças governamentais moçambicanas, combatem a insurgência em Cabo Delgado as tropas do Ruanda, estando estas a operar no perímetro da área de implantação dos projetos de gás natural da bacia do Rovuma.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul de região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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