Cem dias de Governo de Jair Bolsonaro
10 de abril de 2019Os primeiros cem dias da presidência de Jair Bolsonaro no Governo brasileiro, completados esta quarta-feira (10.04), foram controversos. O país espera medidas concretas, reformas e leis que ajudem a economia. Jair Bolsonaro perdeu parte da sua popularidade, frustrou o mercado financeiro, que apostava na aprovação de reformas, colecionou polémicas e continua sem ter uma base de apoio no Parlamento.
O analista político Thomaz Favaro conta que a eficiência do Governo de Bolsonaro está a ser criticada. "O que temos visto durante estes primeiros cem dias do Bolsonaro é que uma série de grupos têm lutado, não só pela definição de políticas públicas em temas chave, como também por espaços de poder mais amplamente, acho que minando bastante a eficiência do Governo na definição das políticas públicas e no avanço da implementação da sua agenda de reformas", explica.
Também Rubens Glezer, professor na Fundação Getúlio Vargas, diz que não tem visto um Presidente da República capaz de uma atuação política consistente. "Não tenho visto uma aptidão do Governo para construir o consenso que lhe permitirá o apoio na legislatura [Congresso] para passar as reformas estruturais que ele [Bolsonaro] está prometendo fazer", afirmou Rubens Glezer, acrescentando que no seu entender, a presidência de Jair Bolsonaro aumentou o conflito entre o Congresso e o poder Judiciário.
"Ele não é capaz de mediar o conflito entre a legislatura e o poder judiciário, que poderia aumentar a instabilidade económica e política no país. E usou um discurso extremista porque isso garante um apoio de sua base eleitoral sem ter que realizar reformas", afirmou o professor na Fundação Getúlio Vargas.
Se os analistas pressentem falta de rumo por parte de Bolsonaro, a população brasileira deseja ação e novas políticas. A docente em São Paulo, Flora Cristina Martins, quer melhorias na economia e noutros setores.
"Precisamos que o novo Presidente, Jair Bolsonaro, entre em ação o mais rápido possível para [melhorar] a nossa economia, mas não apenas. Acho que a economia é uma questão prioritária, mas acho que estamos viver certas coisas, e se elas não forem resolvidas em breve, as coisas não vao correr bem".
Para o analista político Thomaz Favaro, o chefe de Estado do Brasil não mostra habilidade política, o que o impede de ter espaço de manobra para implementar as suas ideias. "Para Bolsonaro deputado, a intransigência sempre foi um valor, uma fortaleza, uma habilidade e, talvez, ele ainda não tenha percebido que, para um chefe de Estado, a capacidade de negociar e a capacidade de dialogar com diferentes forças pode ser uma habilidade mais importante do que a próprio intransigência", conclui.