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ConflitosBurkina Faso

Burkina Faso regista um dos mais graves fluxos de deslocados

DPA
17 de junho de 2022

O aumento da ação de grupos radicais islâmicos e a fome geram no Burkina Faso um dos maiores fluxos migratórios no mundo. População está empobrecida apesar dos ricos depósitos de ouro.

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Burkina Faso Ougadougou | Amtseinführung - Paul-Henri Damiba
Os militares estão no poder desde um golpe de Estado em janeiroFoto: Burkina Faso Presidency Press Service/REUTERS

A escalada da violência armada no Burkina Faso está a gerar um dos mais graves fluxos de deslocados no mundo. A informação é da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O país da África Ocidental, de 21 milhões de habitantes, tinha 1,9 milhões de pessoas deslocadas internamente no final de abril, disse na sexta-feira um porta-voz do ACNUR, citando números do governo.

No domingo passado, pelo menos 79 pessoas foram mortas num ataque contra a cidade de Seytenga. Cerca de 16 mil pessoas tiveram de fugir para a cidade mais próxima, na sua maioria mulheres e crianças, disse o porta-voz.

Testemunhas relataram que os atacantes foram às suas casas para atirar nos homens das famílias. Segundo o ACNUR, centenas de deslocados internos ainda têm de dormir nas ruas porque as instalações de alojamento estão sobrecarregadas. O governo anunciou planos para fornecer mais ajuda de emergência, como noticiou a agencia de notícias DPA.

Burkina Faso schlechte Wasserversorgung
População sofre com seca e falta de água, além de ataques de grupos radicaisFoto: OLYMPIA DE MAISMONT/AFP/Getty Images

O terror do "Estado Islâmico" 

Grupos armados, incluindo alguns que juraram fidelidade ao Estado islâmico ou à al-Qaeda, estão ativos no Burkina Faso e nos países vizinhos do Mali e do Níger. Secas prolongadas e fomes também assolam o país, que é empobrecido apesar dos ricos depósitos de ouro. 

Os militares estão no poder desde um golpe de Estado em janeiro. Cinco meses após protagonizarem um golpe, prometendo fazer da segurança uma "prioridade", a junta militar está sob pressão.

"Não vemos a estratégia posta em prática pela junta porque não vemos quaisquer resultados, mesmo que nos seja dito que o exército está a crescer em força. Mas há sete anos que sofremos ataques terroristas e até hoje ainda existem problemas de logística, comunicação e coesão", lamenta a analista política Drissa Traoré.

O massacre, o segundo mais mortífero da história do país, surge no topo de uma série de violência jihadista nas últimas semanas.

"Os militares chegaram ao poder com grande entusiasmo entre a população. O que poderia ser mais normal do que as forças obscurantistas tentarem quebrar este impulso", concorda a advogada e analista política Paz Hien, referindo-se a "uma crise de confiança entre a população e as autoridades".

Desde 2015, os ataques atribuídos a grupos jihadistas deixaram milhares de mortos e quase dois milhões de deslocados no Burkina.

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