Burkina Faso: UA suspende atividades do país na organização
31 de janeiro de 2022"O Conselho decide, em conformidade com todos os instrumentos relevantes da UA [...], suspender a participação do Burkina Faso em todas as atividades da UA, até ao restabelecimento efetivo da ordem constitucional no país", anunciou a organização na sua conta Twitter esta segunda-feira (31.01).
A medida segue-se a uma decisão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de suspender o país da África Ocidental de todas as suas instituições, após uma cimeira virtual extraordinária que decorreu na sexta-feira (28.01).
A CEDEAO - um bloco regional de 15 países - também exigiu a libertação do Presidente do país, Roch Marc Christian Kaboré, deposto pelos autores do golpe de Estado e, alegadamente, detido.
Nenhuma das organizações optou até agora por sanções contra o Burkina Faso, no entanto, a CEDEAO poderá considerar essa hipótese na próxima cimeira, desta vez presencial, marcada para 3 de fevereiro em Acra, capital do Gana, país que detém a presidência rotativa da organização.
Uma delegação de chefes da diplomacia da CEDEAO deveria chegar hoje a Ouagadougou, capital do Burkina Faso, para conversações com membros da junta que se encontra no poder há uma semana.
Militares no poder
Os militares tomaram o poder no Burkina Faso em 24 de janeiro, após um tiroteio intenso em vários quartéis militares, em Ouagadougou e outras cidades, incidentes inicialmente descritos como um alegado motim para exigir melhoria das condições nas Forças Armadas.
O golpe de Estado foi confirmado, depois, por membros da junta militar em declarações na televisão estatal RTB, anunciando que tinham deposto o Presidente Roch Kaboré - que acabou por se demitir numa carta manuscrita - e outras medidas, tais como a dissolução do governo e do parlamento e a suspensão da constituição.
Na quinta-feira passada (27.01), um dia antes da cimeira da CEDEAO, e na sua primeira mensagem televisiva à nação desde o golpe de Estado, o líder dos militares naquela ação, o tenente-coronel Paul Henri Sandaogo Damiba, advertiu que a "normalidade constitucional" só regressará quando as condições estabelecidas pelo povo do Burkina Faso forem cumpridas.
O golpe de Estado surgiu depois de uma escalada de manifestações, nos últimos meses, em protesto contra a insegurança no país provocada pela violência dos ataques terroristas.
O Burkina Faso sofre com os ataques terroristas desde 2015, imputados a grupos aliados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico, que já causaram mais de 1,5 milhões de deslocados internos, de acordo com o Governo do país.
O golpe de Estado no Burkina Faso é o quarto na região da África Ocidental, após os dois no vizinho Mali (em agosto de 2020 e maio de 2021), um país que também sofre do flagelo do terrorismo, e um na Guiné-Conacri (em setembro de 2021).