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Burundi vai prolongar mandato do Presidente?

Apollinaire Niyirora | ck | nn | AFP | Lusa
17 de maio de 2018

Os eleitores do Burundi votam num referendo sobre uma reforma constitucional que permitirá ao atual Presidente manter-se no poder. A oposição está unida pelo "não".

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Foto: DW/S. Schlindwein

Os eleitores do Burundi são chamados, esta quinta-feira (17.05), às urnas para votar numa reforma constitucional que permitirá ao Presidente Pierre Nkurunziza ficar no cargo até 2034 ou mesmo de forma vitalícia.

Nkurunziza, de 54 anos de idade, governa o país desde 2005. Recentemente anunciou que era o "líder supremo eterno" e avisou que todos os que pretendiam travar o referendo teriam de prestar contas "a Deus".

O referendo visa terminar com a limitação dos atuais dois mandatos presidenciais e estender a legislatura de cinco para sete anos.

Burundi Cibitoke - Agathon Rwasa bei Wahlkampaqne
Agathon Rwasa: "As pessoas foram frequentemente impedidas de comparecer aos nossos comícios"Foto: E. Ngendakumana

Queixas de intimidação

A oposição está contra a reforma constitucional e queixa-se de intimidação: a ala juvenil do partido no poder terá boicotado diversas ações da coligação da oposição Amizero y'Abarundi.

"As pessoas foram frequentemente impedidas de comparecer aos nossos comícios. As empresas de transporte foram intimidadas e temeram emprestar carros à Amizero y'Abarundi ", afirma Agathon Rwasa, um responsável da coligação.

Já a União pelo Progresso Nacional (UPRONA), um aliado da fação partidária governante, está contente com a campanha e nega as acusações da oposição.

"Na UPRONA, estamos felizes que a campanha tenha funcionado bem. Gostaríamos de informar que, até ao momento, não tivemos nenhum problema. Os membros que estiveram em campanhas em todo o país não foram maltratados ", disse Olivier Nkurunziza, secretário-geral da formação.

Burundi Pierre Nkurunziza
Presidente do Burundi, Pierre NkurunzizaFoto: DW/A. Niragira

Irregularidades nos cadernos?

Entretanto, os opositores põem em causa o número de eleitores inscritos para a votação - cerca de meio milhão a mais do que o projetado. Mas a Comissão Eleitoral diz que o aumento do número de votantes deve-se à inclusão dos emigrantes na diáspora e dos jovens que atingem a maioridade em breve.

Para a oposição, a vitória de Nkurunziza no referendo colocará em causa o Acordo de Paz assinado em Arusha, na Tanzânia, em 2000. O pacto abriu portas ao fim da guerra civil sangrenta que fez mais de 300 mil mortos em 14 anos. Em abril de 2015, o anúncio da candidatura de Nkurunziza a um terceiro mandado presidencial mergulhou o Burundi numa nova crise. Pelo menos 1.200 pessoas morreram.

Ameaças à liberdade de imprensa

À medida que a data do referendo desta quinta-feira se aproximava, a liberdade de expressão diminuía no país.

Burundi decide sobre prolongamento de mandato do Presidente

As emissões de duas estações de rádio internacionais, a BBC e a Voz da América, foram suspensas no início de maio. Estes órgãos foram acusados ​​de violar os princípios do "equilíbrio de informações" e de desobedecerem à "verificação rigorosa" das fontes.

Ramadhan Karenga, presidente do Conselho dos Média do Burundi, conhece mais casos de violação da liberdade de imprensa: "Já fomos consultados pelo jornal oficial local 'Le Renouveau' e por jornalistas dessas rádios internacionais. Agradecemos a qualquer pessoa que queira falar com o Conselho dos Média para que possamos continuar a promover a liberdade de expressão nos meios de comunicação."

No domingo, um membro da oposição foi morto a tiro quando regressava de um comício. A coligação opositora diz que o crime foi perpetrado por elementos da Liga da Juventude, aliadas ao partido no poder. Além da morte do apoiante da coligação, quatro outros simpatizantes estão desaparecidos.

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