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Câmara Africana de Energia sugere amnistia para insurgentes

Lusa
14 de janeiro de 2021

Organização sediada em Joanesburgo reforça que situação em Cabo Delgado é "terrível", mas que resposta deveria ser multidimensional. CAE se diz disposta a sugerir soluções e "financiar medidas de consolidação da paz".

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Mosambik Cabo Delgado | Angriffe von Islamisten
Foto: AFP/M. Longari

A Câmara Africana de Energia (CAE) sugeriu esta quarta feira, (13.01), uma amnistia para os insurgentes no norte de Moçambique, argumentando que o problema não é apenas militar e que é preciso juntar esforços para garantir uma solução duradoura.

"Não vou adoçar, a situação na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é terrível", escreveu NJ Ayuk, presidente executivo desta organização destinada a promover os investimentos em África, vincando que "a violência agora está a aumentar e a intensificar a infelicidade da área, com as pessoas a viverem em constante medo".

Para NJ Ayuk, a resposta tem de ser multidimensional e passa, entre outras medidas, por garantir uma "saída segura" para os combatentes, construindo confiança.

"A nossa estratégia também deve levar em consideração as preocupações daqueles que já foram recrutados para a insurgência; os rebeldes precisam sentir que têm outra opção - não apenas que suas comunidades serão tratadas com justiça, mas também que eles e suas famílias podem seguir em frente com segurança", diz NJ Ayuk.

Construção de confiança mútua

"Para conseguir isso, o governo de Moçambique deve estar preparado para criar um acordo de amnistia para os rebeldes, os líderes do governo precisarão de se aproximar dos grupos militantes e iniciar um processo de construção de confiança que culminará, com sorte, em um acordo mútuo de cessar-fogo", que deve ser seguido "por um projeto de desarmamento e desmobilização, que as petrolíferas da área deveriam apoiar".

Mosambik Pemba | Geflüchtete Menschen | Paquitequete Strand
Crise humanitária já levou a mais de 560 mil deslocadosFoto: DW

No extenso comunicado divulgado, o presidente da CAE vinca que está disposto a financiar parcialmente uma solução, mas salienta que "deitar dinheiro sobre o problema não resolve o problema" e que é preciso garantir que os habitantes que se sentem abandonados são parte da solução e que parte das receitas da exploração do gás são usadas para melhorar as suas vidas.

"Há esperança, existe um caminho para uma solução duradoura, e a CAE gostaria de ajudar, oferecendo soluções e financiando medidas de consolidação da paz e uma iniciativa de negociação", rejeitando a ideia de "pagar aos militantes na esperança de apaziguá-los, como alguns propuseram".

A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.  Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico desde 2019. 

Vários analistas têm alertado para o impacto negativo destes combates no processo de exploração de gás natural por parte das petrolíferas multinacionais, sendo que a francesa Total começou já a reduzir a força de trabalho nas suas instalações devido à insegurança.

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