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Mocímboa da Praia voltará a ter energia em breve

Lusa
10 de setembro de 2021

Mocímboa da Praia, vila reconquistada das mãos os insurgentes, em Cabo Delgado, está deserta e marcada por destruição. Mas a eletricidade já está a ser restabelecida, o que pode mudar o cenário.

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Mosambik Mocímboa da Praia
Foto: DW/G. Sousa

O ministro dos Recursos Mineirais e Energia, Max Tonela, fez esta quinta-feira (09.10), a primeira visita governamental à vila portuária, desde que foi reconquistada aos rebeldes.

"Até final do mês, Mocímboa da Praia e Palma", vila do projeto de gás natural, deverão voltar a ter energia e "na próxima semana será feito um levantamento em Muidumbe", explicou o governante.

Tonela e o responsável da Eletricidade de Moçambique (EDM), Marcelino Alberto, tentaram identificar com equipas no local as formas de repor a energia o quanto antes. Trata-se de uma reposição de emergência, enquanto a rede é totalmente reparada, o que levará mais tempo.

Numa vila deserta, o ministro sublinhou a importância da eletricidade: dela depende tudo o resto, como o abastecimento de água, serviços hospitalares, comunicações e outros de âmbito administrativo - ou seja, tudo o que faz falta para convencer as populações a regressar.

Max Tonela
Max Tonela, ministro dos Recursos Mineirais e EnergiaFoto: Roberto Paquete/DW

Conexão com outros distritos

As localidades a religar até final do mês são dois pontos-chave: Palma ficou conhecida como a 'vila do gás' pela proximidade do empreendimento de petrolíferas, entretanto suspenso após um ataque de rebeldes em março.

Mocímboa da Praia esteve ocupada por insurgentes durante um ano, até ao início de agosto, até ser reconquistada por forças moçambicanas e do Ruanda - que juntamente com tropas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) estão a virar a maré do conflito a favor das forças estatais.

Maior segurança permite ter mais equipas técnicas no terreno e o movimento de religação começou na sexta-feira (03.09), em Mueda, distrito natal do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, no interior de Cabo Delgado.

O Governo estima que os distritos afetados pela violência armada tenham danos da ordem dos 9,2 milhões de euros, sendo que, além daquele valor, só a subestação de Awasse - a partir de onde era distribuída toda a energia da rede - requer reparações da ordem dos 8,4 milhões de euros.

BG I Alltag und Militarismus in Cabo Delgado
Maior segurança em Mocímboa da Praia permite a religação da energia elétrica, lembra o GovernoFoto: Roberto Paquete/DW

Obrigações do Governo

Segundo Max Tonela, há verbas disponíveis do Banco Mundial e decorrem contactos com parceiros para mobilização de apoios, de modo que o impacto nos cofres do Estado seja minimizado 

"É dever e obrigação do Governo criar condições para que as populações afetadas possam regressar no mais curto período de tempo, de forma voluntária e segura, para os seus locais de origem ou residência habitual. Esta é atualmente uma prioridade do Governo", disse o ministro.

"Temos equipas a trabalhar em várias frentes para retoma dos serviços mínimos de energia", destacou.

Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas. A Lusa viajou a Cabo Delgado a convite do Governo de Moçambique.

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