2 insurgentes mortos em Cabo Delgado
19 de novembro de 2021"Nesta manhã fui informado de que em Nangade as nossas forças entraram em contacto com o inimigo, tendo colocado abaixo 2 elementos, incluindo também feridos e, na sequência, recuperámos algumas armas", disse o ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume.
O ministro falava esta sexta-feira (19.11) em Maputo durante a cerimónia de encerramento de cursos militares, a sua primeira aparição pública após a nomeação para o cargo no dia 11.
Pediu "paciência" ao país face à situação em Cabo Delgado, referindo que os resultados alcançados no combate demonstram que as forças conjuntas, do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), "estão passo a passo a acompanhar o movimento do inimigo".
"É preciso que o país tenha muita paciência", apelou Cristóvão Chume, referindo que os militares "enfrentam o inimigo dia a dia e a dimensão da insurgência reduziu-se", comparado com o primeiro semestre.
Ataques ainda são preocupação
Destacou ainda o regresso em massa da população e de algumas organizações de apoio devido ao "momento de paz" que se vive nalguns distritos, em consequência da ação das forças conjuntas.
Apesar da retoma da população, Chume manifestou preocupação em relação a pequenos grupos de insurgentes que continuam a movimentar-se e a atacar algumas aldeias, considerando ser esse um dos grandes desafios.
"É aqui onde está a maior responsabilidade das nossas forças: conseguirem antecipar-se em relação às intenções do inimigo e temos vindo a conseguir isso", referiu.
O novo ministro da Defesa apontou ainda a necessidade de se aprimorarem estratégias do setor, através da compreensão das motivações, modos de operar e crimes associados ao terrorismo, visando antecipar medidas de combate à insurgência.
"[É preciso] propor soluções estratégicas visando a robustez da nossa força para gestão da saída da missão da SADC e das forças de defesa do Ruanda", destacou.
"Defesa não vai dar espaço a criminosos e indisciplinados".
Além dos resultados obtidos no combate, o ministro da Defesa falou ainda de casos de abuso que têm sido denunciados, sendo supostamente protagonizados por militares em Cabo Delgado, referindo que o setor não vai "dar espaço a criminosos e indisciplinados".
Diversos relatórios nacionais e internacionais têm alertado para a ocorrência de violações dos direitos humanos no conflito em Cabo Delgado, apontando tanto as forças governamentais como os grupos armados como autores desses atropelos.
A ofensiva das tropas governamentais ganhou vigor em julho deste ano, com o apoio de forças de Ruanda e, posteriormente, da SADC, permitindo aumentar a segurança e recuperar várias zonas.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.