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Mueda regista novos incidentes envolvendo insurgentes

mp
18 de novembro de 2021

Novos confrontos são registrados desde sexta-feira no distrito de Mueda. Insurgentes estariam a afastar-se da costa de Cabo Delgado, gerando incidentes violentos cujo número de vítimas ainda é incerto.

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Mosambik Militär SADC SANDF
Militares da SADC estão em atividade também no interior de Cabo DelgadoFoto: Alfredo Zuniga/AFP/Getty Images

Mueda registou novos confrontos entre jihadistas e militares das forças conjuntas em Cabo Delgado na última terça-feira (16.11). A informação foi confirmada por fontes ligadas às organizações da sociedade civil na província.   

Os confrontos da semana passada, registados nos dias 12 e 13 de novembro, resultaram em cerca de 40 pessoas presas, mortas ou desaparecidas.

As informações desencontradas divulgadas tanto pelo "Estado Islâmico" quanto timidamente por fontes militares tornam imprecisa a apuração dos danos causados a moradores, militares da força conjunta e jihadistas. 

Fontes de organizações da sociedade civil em atividade na província confirmam que, na última segunda-feira (15.11), militares da missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM, na sigla em inglês) ainda vasculhavam a área do confronto ocorrido na semana passada no distrito. Segundo as mesmas fontes, outro incidente envolvendo as forças conjuntas e os insurgentes ocorreu no dia seguinte.

O chamado "Estado Islâmico na Província da África Central" (ISCAP) reivindica a morte de quatro "cruzados leais ao Exército de Moçambique" neste incidente, segundo publica a consultora em segurança Jasmine Opperman na sua conta no Twitter.

Milícias em Mueda

Nos últimos dias, o distrito de Mueda surgiu com mais frequência no mapa do conflito em Cabo Delgado.

Segundo ativistas que acompanham a ação jihadista na região, isso se deve à presença e à ação das forças conjuntas nos distritos da zona costeira da província, o que teria forçado os insurgentes a fugirem para outros distritos no interior de Cabo Delgado. 

Um relatório publicado há alguns dias pelo Instituto de Estudos de Segurança (ISS Africa) da África do Sul revela que milícias formadas por ex-combatentes de comunidades Maconde foram empregadas para bloquear o avanço dos jihadistas para o interior da província.

Mosambik Straßenschild am Abzweig in Richtung Muidumbe und Mueda
Milícias estariam a atuar em Mueda e MuidumbeFoto: DW/A. Chissale

Segundo o autor do estudo, Borges Nhamirre, antes da chegada das tropas internacionais, perante a incapacidade das forças governamentais de travar a insurgência, mesmo com apoio militar privado, antigos combatentes da guerra de libertação mobilizaram-se para proteger as suas comunidades.

A DW África apurou que tais milícias - que não são reconhecidas pelo Estado moçambicano - foram estruturadas nos distritos de Muidumbe, Mueda e Nangade. Os grupos teriam a função de garantir a segurança das localidades, controlando a entrada e a saída de moradores e observando a movimentação de quem não é residente.

"As milícias reclamam que não têm equipamento para fazer frente aos insurgentes, mas isso não deverá mudar porque elas não têm autorização oficial, não são reconhecidas", disse uma fonte da rede de ONGs em atividade na província, que prefere não ser identificada.

Apesar de as milícias concentrarem-se também em Mueda, os confrontos dos últimos dias estão a ocorrer em áreas que não seriam cobertas pelos ex-combatentes.

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