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Cabo Delgado: Há dificuldades em apoiar novos deslocados

DW (Deutsche Welle)
24 de janeiro de 2024

As últimas movimentações terroristas na província de Cabo Delgado estão a provocar uma nova onda de deslocados, segundo a Cáritas Diocesana. ONG fala em incapacidade de prestar assistência humanitária.

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Deslocamento interno em Cabo Delgado em meados de 2022 (foto ilustrativa)Foto: Alfredo Zuniga/AFP

De acordo com o diretor da ONG religiosa Cáritas Diocesana, Manuel Nota, há escassez de recursos. Manuel Nota defende a urgência em apoiar as vítimas de terrorismo que muito tempo estiveram deslocadas, mas que conseguiram voltar a casa nas regiões onde há segurança. A DW entrevistou o diretor da Cáritas Diocesana.

DW: Relatos recentes indicam ataques de insurgentes e ocupação em algumas zonas da província e subsequentes deslocamentos das populações. Confirma?

Manuel Nota (MN): Houve muitas deslocações de pessoas que estavam mesmo a fugir a esses ataques.

DW: Significa que há pessoas que tinham regressado às suas zonas de origem, que sofreram novos ataques e que estão concentradas na vila distrital de Macomia?

MN: Não só Macomia, como algumas foram para Muidumbe para centros de reassentamento, as pessoas fugiram das aldeias e foram para os centros de assentamentos criados em Macomia e em Muidumbe.

DW: E esses novos deslocados será que estão a receber neste momento o apoio humanitário?

MN: A situação de apoio humanitário está cada vez mais a ficar complicada por causa da escassez de doadores. Para nós, por exemplo, como Cáritas, estamos com muito poucos doadores e neste momento estou a falar, estamos a implementar três projetos que vão terminar nos próximos meses, não mais em Agosto. Por causa disso, há muita solicitação da população que regressou as suas zonas de origem, que clama pelo apoio que tem sido escasso ultimamente, porque não existe mesmo recurso, não é que falte de vontade das organizações. E as poucas [organizações] que se fazem ao terreno concentram-se mais nas vilas em vez de irem para aqueles locais que estão distantes da vila, onde a população saiu. Por muito tempo, esteve nas vilas, mas porque na Vila não se faz machamba e grande parte da nossa população em Moçambique vive na base da agricultura, deslocou-se para as suas zonas de origem. Mas algumas tiveram menos sorte, de voltarem a sofrer ataques e tiveram que se deslocar mais uma vez de lá para outras zonas consideradas seguras.

Mosambik Flüchtlinge aus Palma in Pemba
Organizações de ajuda no terreno estão com recursos limitados para ajudar os deslocados Foto: DW

DW: Então, neste momento, a Cáritas Diocesana em Cabo delegado está a enfrentar esse problema de mobilização de fundos para poder conseguir atender as necessidades da população deslocada?

MN: Exato.

DW: E neste momento, o que é que se está a fazer para ultrapassar essa situação?

MN: Nós temos algumas propostas que submetemos a vários doadores que têm feito a chamada de propostas. Nós submetemos no ano passado, mas até agora ainda não tivemos o feedback.

DW: Por aquilo que olha em termos do evoluir da situação, ainda é preciso uma assistência redobrada às famílias de afetada pelo terrorismo?

MN: O desafio atual, na verdade, é mesmo a reconstrução. Tentar criar resiliência nas populações que voltaram porque grande parte daquela população estava em situação deslocada já retornou, mas estão a passar muitas necessidades lá. As propostas que nós submetemos era mesmo para ir atender essas pessoas lá no local de regresso, onde eles retornaram. É esse o grande desafio das organizações, porque a população está mesmo a precisar.

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