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Cabo Verde enfrenta crise económica

dos Santos, Nelio31 de maio de 2013

2013 afigura-se como um dos mais difíceis para a economia cabo-verdiana, com aumento dos impostos, queda das receitas, redução do investimento externo e subida do desemprego. Oposição e economistas falam em recessão.

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No seu mais recente Relatório de Política Monetária, o Banco Central prevê uma desaceleração da economia cabo-verdiana com projeções entre -1,5% a 0,5%.

A essas projecções somam-se os dados do desemprego divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística. Esses dados revelam que a taxa de desemprego aumentou para 16,8%.

O antigo primeiro-ministro Gualberto do Rosário, atual presidente da Câmara de Turismo (UNOTUR), disse à rádio pública cabo-verdiana que se não forem tomadas medidas adequadas, o país cairá num "colapso".

A taxa anual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o crescimento per capita, o desemprego, a redução do crédito à economia e o ambiente de negócios "nada favorável", assim como os indicadores da conjuntura que apontam para o agravamento da situação nos próximos tempos, a visão do Fundo Monetário Internacional (FMI), a situação dos transportes em geral e a situação da energia são fatores que, segundo Gualberto do Rosário, "apontam para uma situação muito indesejável, muito difícil."

Governo desdramatiza

Uma semana depois da divulgação do Relatório de Política Monetária do Banco Central, o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, ainda não recebeu oficialmente o documento. "O Banco não teve a gentileza de me enviar o relatório. Vi-o nos órgãos de comunicação social", esclarece.

José Maria Neves desdramatiza as projecções pessimistas do Banco Central. "Respeitamos as previsões do Banco Central e vamos trabalhar para que essas previsões não se venham a transformar em realidade este ano. Não podemos transformar as previsões do Banco Central em dados macroeconómicos."

Dias mais difíceis

Gualberto do Rosário, apontado pelos seus próximos e por alguns dos seus críticos como um visionário, avisa que dias piores estão para vir. "Os cabo-verdianos devem estar preparados para dias mais difíceis", alerta, acrescentando que, de certo modo, já se está a cumprir um programa de austeridade.

"A economia tem vindo a decrescer e a tendência não é animadora", afirma também Jorge Maurício, da Câmara de Comércio de Barlavento, que chama a atenção para a existência de situações dramáticas. "Há jovens em casa com depressão. A questão social é grave e deve ser encarada de forma direta", sublinha.Dos 16,8 % de desempregados, 32,1% são jovens dos 15 aos 25 anos.

Enquanto a oposição e alguns economistas falam em recessão, a ministra das Finanças, Cristina Duarte, tem uma leitura totalmente diferente. "Quando o país entra em recessão económica, e começa a perder riqueza, perde automaticamente a sua capacidade de redistribuição do rendimento e de combate à pobreza. Não é o que está a acontecer em Cabo Verde", garante.

O líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD), Fernando Elísio Freire, contrapõe dizendo que o Governo está a tentar tapar o sol com a peneira. "Em Cabo Verde, temos um Governo em completo estado de negação. E este estado de negação pode levar o país para uma crise ainda maior", critica.