MpD repudia suspeitas do PAICV sobre resultados eleitorais
3 de maio de 2021O MpD, vencedor das eleições legislativas de 18 de abril em Cabo Verde, repudiou esta segunda-feira (03.05) as suspeitas lançadas em torno dos resultados eleitorais pelo PAICV, que acusa de ser "mau perdedor" e de desrespeitar os cabo-verdianos.
"O MpD repudia totalmente as suspeitas lançadas pelo PAICV em torno dos resultados eleitorais. Além de demonstrar ser um mau perdedor, o que o PAICV revela com essas declarações é um total desrespeito pelos cabo-verdianos”, disse em conferência de imprensa a secretária-geral do Movimento para a Democracia, Filomena Delgado.
Na sexta-feira (30.04), o vice-presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), João Batista Pereira, anunciou que o seu partido vai levar a tribunal o MpD e o Governo por alegados ilícitos eleitorais que considerou influenciarem e condicionarem a votação.
Em reação, a porta-voz do MpD disse que os cabo-verdianos não são manipuláveis, sublinhando que se o PAICV ficou surpreendido pelos resultados eleitorais a responsabilidade é exclusivamente sua.
"Enquanto o MpD governava e retirava Cabo Verde da crise económica em que o PAICV nos colocou, o partido liderado por Janira Hopffer Almada fazia uma política de terra queimada, nunca reconhecendo as dificuldades que milhares de cabo-verdianos estavam a atravessar e os sinais positivos que iam surgindo. Nem em período de pandemia o PAICV se colocou ao lado do país, tendo mesmo uma posição negacionista colocando em risco a vida dos cabo-verdianos”, criticou.
"Mau perdedor"
Para a secretária-geral do partido no poder, o PAICV continua a "prestar um mau serviço à democracia cabo-verdiana”. "Os cabo-verdianos merecem mais respeito. A vontade popular manifestada nas eleições foi a vontade de um povo livre com capacidade de decidir o seu futuro”, afirmou.
Para o MpD, o partido na oposição deve aprender a lição e "abandonar a política populista, irresponsável e sem sentido de Estado” dos últimos anos.
"Do lado do MpD o nosso compromisso com os cabo-verdianos mantém-se focado no futuro e na estabilidade. Venceremos a Covid, relançaremos a economia para voltar a gerar emprego e criar condições de melhoria de vida para todos os cabo-verdianos”, concluiu.
Na altura, o vice-presidente do PAICV apontou atos e omissões da administração do Estado, considerando que não foi isenta e não garantiu a necessária neutralidade exigida para as eleições em Cabo Verde.
Para o porta-voz do PAICV, o partido vencedor das eleições legislativas, através do Governo, da administração pública, empresas e institutos públicos, delineou e executou um "detalhado plano para captação do voto".
Para onde vai a democracia cabo-verdiana?
Assim, apontou um conjunto de decisões do Governo que entende "subvertem as bases da democracia” no país, como a nomeação de gestores públicos após a publicação do decreto presidencial que marca a data das eleições, nomeação de dirigentes do seu partido para o Banco de Cabo Verde, Bolsa de Valores ou Parque Tecnológico.
O PAICV denunciou ainda que o Governo pagou dívidas de água e energia a famílias vulneráveis, doou sementes, pesticidas, materiais de irrigação e rações aos agricultores e criadores de gado dentro do período proibido pelo Código Eleitoral.
"Na verdade, a questão que aqui deve ser colocada é claramente a seguinte: para onde vai a democracia cabo-verdiana, se o próprio Estado não respeita as leis?”, questionou o dirigente, para quem o seu partido não põe em causa os resultados eleitorais, mas garantiu que vai lutar para que não seja posta em causa a democracia cabo-verdiana.
Segundo o mapa com o resultado total da eleição de 18 de abril publicado pela CNE, o MpD obteve 110.211 votos, o que corresponde a 50,04% do total, e elegeu 38 deputados, enquanto o PAICV conseguiu 87.151 votos, equivalentes a 39,57%, ficando com 30 deputados.