Cabo Verde sofre a pior seca desde 1977
13 de junho de 2018Em Novembro de 2015, a barragem de Poilão, no interior da ilha de Santiago, estava pintada do verde de esperança. A água tinha transbordado levando até a passeios de bote naquela barragem. As zonas limítrofes estavam cheias de plantações agrícolas, uma variedade de produtos e uma competição de quem vendia mais barato.
Dois anos e meio depois, a barragem secou por falta de chuva. O verde de esperança deu lugar a um castanho agreste. Passear na localidade só se for a pé, de uma ponta a outra. Sem uma gota de água, os agricultores falam numa situação extremamente difícil: campos secos e animais que desfalecem por falta de pasto são relatos que se multiplicam.
Esta é uma das piores secas a afetar Cabo Verde nos últimos 40 anos. Em entrevista à Rádio de Cabo Verde, o ministro da Agricultura, Gilberto Silva, afirmou que a situação vigente "só é comparável à seca de 1977 e à seca de 1947, em que a situação foi muito complicada". "Em 1947, inclusive, houve fome e mortandade”, lembra.
Preocupação com o gado
Depois de ter visitado, recentemente, o Maio, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, considerou gritante a situação do gado na ilha: "Tivemos a oportunidade de falar com dezenas de criadores de animais, com agricultores e com pescadores e ficámos com uma grande preocupação: a fragilidade dos criadores de gado e também a situação do gado na ilha do Maio".
"Há sinais visíveis de má nutrição, poderia dizer de fome, nos animais, há falta de água, há falta de ração e pasto. Os produtores, os agricultores e criadores de gado no Maio precisam de soluções urgentes antes que haja uma catástrofe nacional. O problema já não é só apoiar com ração, esse gado está magro e sem condições, esse gado já não produz leite nem carne é preciso salva-lo de morrer", alertou Jorge Santos.
PM nega emergência
A seca severa levou a FAO a incluir Cabo Verde na lista de países a necessitar de assistência alimentar externa. Porém, o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, garante que a situação não é de crise alimentar.
"Não há um problema de emergência alimentar, situações de crise de alimentos para os cabo-verdianos. Isto não existe, o que existe são efeitos fortes relativamente aquilo que é o impacto da produção agrícola e pecuária e o efeito direto nas pessoas que vivem dessas actividades", sublinha. Ainda assim, o país já está a preparar o novo ano agrícola tendo em conta todos os cenários.