Campanha na Zambézia para matrícula das crianças
13 de janeiro de 2017151 mil crianças poderão não ir à escola este ano letivo que começa no próximo dia 20 de janeiro, porque os pais não as matricularam na primeira classe. As autoridades, preocupadas com este número elevado lançaram uma campanha de sensibilização porta a porta. Mas os professores temem que isso não seja suficiente.
Manuel Henriques trabalha no campo, de manhã à noite. E não tem tido tempo para ir matricular um dos seus três filhos na primeira classe.
"Vou à machamba e volto tarde e cansado, por isso tenho tido pouco tempo para fazer a matrícula", disse à reportagem da DW África.
Prazo terminou em dezembro
Entretanto, o prazo para fazer as matrículas terminou a 30 de dezembro. A província central da Zambézia esperava para este ano 376 mil novos ingressos na primeira classe. Mas só houve 225 mil matrículas. Mais de um terço das crianças ficou por matricular, em relação ao que estava previsto.
O diretor provincial de Educação na Zambézia, Armindo Primeiro, diz que Derre, Mulumbo, Milange e Gilé foram os distritos com menos matrículas na primeira classe. "Para nós, isso é uma preocupação. Estamos à espera de orientações centrais sobre os passos a seguir."
Armindo Primeiro acrescentou que está a decorrer uma campanha porta a porta em toda a província para sensibilizar os pais a matricularem os filhos na escola. Até porque esta não é a primeira vez que há números tão baixos.
"No ano passado, também tivemos o mesmo problema, que culminou com a prorrogação do processo… Estamos muito mais preocupados, porque são muitos os alunos da primeira classe que ainda têm de se matricular. As brigadas estão no terreno para sensibilizar os pais".
Dúvidas sobre resultados da campanha
Mas os professores abordados pela DW África duvidam que a campanha de sensibilização tenha sucesso. A professora Gina Azevedo diz que, apesar dos esforços das autoridades, muitos pais mesmo que vivem próximo das escolas acabam por não matricular os filhos. "Penso que é mesmo pela preguiça dos pais, mesmo passando a mensagem das matrículas, eles não aderem."
Outro professor, do distrito de Derre, que pediu para não ser identificado, apela ao Governo que se adapte à disponibilidade das populações. Ele diz que os encarregados de educação que vivem em zonas rurais costumam pedir para matricular as crianças só quando as aulas começam.
"Como professor, peço ao Governo para diferenciar o tratamento dos pais e encarregados das zonas urbanas e rurais, porque aqui no campo essa gente precisa de um outro tratamento. Eles aceitam matricular os seus filhos quando as aulas iniciam. Estamos envolvidos na campanha para sensibilizar os pais, mas nenhum pai quer saber. Eles esperam quando as aulas começam e na fase de distribuição dos livros escolares", concluiu.