Capital da Somália sob tensão elevada entre grupos armados
26 de abril de 2021Na capital da Somália, na manhã desta segunda-feira (26.04), o movimento foi limitado nas principais estradas e criadas barreiras durante a noite em estradas que conduziam a redutos da oposição, com homens armados e veículos equipados com metralhadoras, disseram testemunhas.
"As forças armadas somalis e os combatentes pró-oposição tomaram posições ao longo de algumas estradas chave, alguns transportes públicos estão a funcionar, mas em algumas áreas não permitem que ninguém se movimente", disse Abdullahi Mire, um residente local, à agência de notícias francesa AFP.
A Somália está a atravessar uma das piores crises políticas dos últimos anos. A 12 de abril, o Parlamento aprovou uma lei que prorroga o mandato do Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed, conhecido como Farmajo, por dois anos depois de este ter expirado em fevereiro, e na qual se prevê a realização de eleições em 2023, quando deveriam ocorrer este ano.
Início
No domingo (25.04), uma manifestação de apoiantes da oposição apelando à saída do poder de Farmajo, acompanhada por homens fortemente armados, rapidamente degenerou numa troca de tiros com as forças somalis no distrito de Sanca, no norte do país.
Outros confrontos, por vezes violentos, seguiram-se, nomeadamente na zona de Marinaya e KM4, um cruzamento movimentado no centro. Os tiros soaram esporadicamente também ao longo de toda a noite.
Até agora, porém, ainda não foi esclarecido se houve quaisquer baixas nos confrontos.
Na manhã desta segunda-feira (26.04), homens armados pró-oposição controlavam os mesmos bairros - aqueles onde residem os líderes da oposição - bem como um outro, chamado Bermudo, onde os residentes estavam a abandonar as suas casas.
Apelos
"As pessoas começaram a fugir da zona de Bermudo, onde os combatentes pró-oposição tomaram posições ontem [domingo] à noite. A situação é tensa e pode haver confrontos armados a qualquer momento se a situação se mantiver", disse Fadumo Ali, um residente deste bairro do sul de Mogadíscio.
Numa conferência de imprensa esta segunda-feira (26.04), o primeiro-ministro, Mohamed Hussein Roble, disse estar "profundamente entristecido com a tragédia que perturbou a segurança na capital".
"Apelo a todos para que preservem a estabilidade e cuidem da comunidade", acrescentou, apelando às forças armadas para que "respeitem o seu compromisso" e "protejam" o povo de Mogadíscio.