Carros de luxo: FRELIMO não comenta e PM ironiza
15 de junho de 2017António Niquice, porta-voz da FRELIMO, disse esta quinta-feira (15.06) que o partido no poder em Moçambique não tem elementos sobre a aquisição de viaturas topo de gama para deputados, escusando-se a comentar o assunto.
"Os órgãos de soberania têm normas e estatuto próprio", referiu António Niquice, depois de questionado sobre o tema numa conferência de imprensa, na sede do partido, em Maputo. O responsável remeteu a pergunta para a Assembleia da República. "Não temos elementos", acrescentou, após a insistência de jornalistas.
"Não nos podemos pronunciar sobre matérias sem elementos suficientes" só para "alimentar a comunicação social, sob pena de entrarmos no campo especulativo", concluiu.
Mercedes para todos
Por seu lado, o primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário, comentou a aquisição de viaturas dizendo que o desafio do país passa por produzir mais, para haver mais carros de qualidade para todos. "O grande objetivo" é que "haja mais produção, para que toda a gente tenha Mercedes, para que toda a gente possa produzir riqueza", disse na quarta-feira durante uma visita a Inhambane, sul do país, citado pelo jornal O País.
Ainda assim, segundo o jornal moçambicano, o primeiro-ministro admite a possibilidade de avaliar "as implicações" da aquisição de viaturas no Orçamento do Estado.
A aquisição de viaturas Mercedes no valor de 74.500 euros cada para os 17 deputados da comissão permanente do Parlamento está a gerar uma forte polémica em Moçambique, numa altura de crise e aumento do custo de vida no país.
Ao Canal de Moçambique, a presidente da Assembleia, Verónica Macamo, referiu que o Parlamento só fez a requisição e o secretário-geral, Armando Correia, acrescentou que o assunto diz respeito ao Ministério das Finanças.
Rogério Nkomo, Diretor Nacional do Orçamento, defendeu à televisão independente STV que os membros da comissão permanente têm direito a carros de protocolo do nível escolhido e minimizou o valor da aquisição quando comparado com o total do Orçamento do Estado.
Venâncio Mondlane, deputado do partido da oposição MDM, lançou uma petição nas redes sociais contra o que diz ser "um luxo insultuoso". O deputado defende que a comissão permanente devia devolver os carros para o Estado tentar reaver o máximo possível da despesa e trocá-los por modelos mais adequados à realidade de Moçambique, onde a maioria da população viaja em furgões e em caixas de carga de carrinhas, sem condições de segurança.