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Caso Zenú: Oposição saúda "nova realidade" em Angola

27 de março de 2018

CASA-CE diz que há uma "nova Procuradoria" em Angola: antes, casos como o do filho do ex-Presidente angolano, José Filomeno dos Santos, suspeito de autorizar uma transferência ilícita, não teriam entrado "na secretaria".

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Foto: DW/A. Cascais

Para o vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), a constituição como arguido de José Filomeno "Zenú" dos Santos, filho do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, mostra que há uma nova realidade no país.

"Até há bem pouco tempo, esse tipo de assunto não passaria da secretaria, ou não daria sequer entrada na secretaria. No entanto, hoje temos uma nova Procuradoria, e os angolanos podem esfregar as mãos de contentes com a esperança de dias melhores", afirma Fernandes.

"Zenú" dos Santos, ex-presidente do conselho de administração do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) é suspeito de ter autorizado uma transferência ilícita de 500 milhões de dólares para Inglaterra e foi constituído arguido, no mesmo processo, com o ex-governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe, e outros três cidadãos angolanos.

O filho do ex-Presidente angolano entregou, esta terça-feira (27.03) os seus passaportes à Justiça angolana e prontificou-se a continuar a cooperar com a Procuradoria-Geral da República, segundo um comunicado divulgado pela rádio pública de Angola, citado pela agência de notícias Lusa. A DW África não conseguiu confirmar estas informações com a assessoria de imprensa do ex-presidente do FSDEA.

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Moralização da sociedade?

Agora, é preciso deixar a Justiça trabalhar, comenta o secretário-geral do Partido de Renovação Social (PRS), Rui Malopa.

"Pouco a pouco, a sociedade vai melhorando a imagem. Mais tarde ou mais cedo, todos aqueles que tenham tendências de prevaricar e cometer atos indecorosos serão responsabilizados", afirma Malopa. "Portanto, não interessa ser filho do ex-Presidente da República ou o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas - mesmo que seja o próprio Presidente da República."

Esta segunda-feira (27.03), num caso separado, a Procuradoria anunciou que o atual chefe do Estado-Maior, o general Geraldo Sachipengo Nunda, também foi constituído arguido num processo de tentativa de burla de 50 mil milhões de dólares ao Estado angolano, envolvendo um alegado fundo tailandês.

Neste processo, foram detidos quase uma dezena de implicados, nomeadamente quatro tailandeses, dois angolanos, um eritreu e um canadiano.

O deputado pela União Nacional para a Independência de Angola (UNITA), Nelito da Costa Ekuikui, saúda a atuação da Procuradoria-Geral da República em nome da moralização da sociedade.

"Penso que a detenção ou possível condenação destas figuras, sem exceção, vai ajudar a moralizar a sociedade e impedir o cometimento de crimes desta natureza no futuro. Mas, se o processo não avançar, vamos manchar o nosso sistema de Justiça", diz.

"A Procuradoria-Geral da República já não pode recuar", conclui Ekuikui.