Caça aos votos em Inhambane acontece até na igreja
11 de abril de 2012Os 13 dias de campanha eleitoral terminam já no final da semana. Numa corrida em contra-relógio, os candidatos fazem comícios, contactam as pessoas nas suas próprias casas, organizam caravanas de apoiantes, o que tem tornado Inhambane (no sul de Moçambique) uma cidade alegre e divertida nesta altura.
Participam na corrida às eleições intercalares do município, a 18 de abril, dois candidatos: Benedito Guimino, apoiado pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, o partido no poder) e Fernando Nhaca, com o suporte do MDM (Movimento Democrático de Moçambique, partido da oposição). A Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), considerada a maior força opositora do país, não concorre ao pleito.
Os candidatos não poupam esforços para conquistar votos. Entram nos bairros da cidade e fazem promessas eleitorais. Para Fernando Nhaca, candidato do MDM, “o dia 18 de abril está próximo, está muito próximo” e por isso é preciso “potenciar as nossas energias e fazermos um trabalho mais substancial”. Para o candidato do partido da oposição, “há muita coisa que temos de melhorar” em Inhambane, nomeadamente “o saneamento é muito deficitário”, explica Fernando Nhaca.
Ajuda divina
A lei eleitoral moçambicana proíbe a utilização de locais de culto para realizar atividades de campanha eleitoral. Interdição que, contudo, não impede o candidato da Frelimo, Benedito Guimino, de pedir a ajuda divina.
Apoiado pelo partido no poder desde a independência de Moçambique, em 1975, Guimino foi à igreja de Inhambane orar “para que Deus me ilumine naquilo que vou fazer a partir deste momento. Peço de todo o meu coração para que todos os irmãos presentes na igreja possam orar por mim (…) para que na verdade consiga levar a bom termo os desafios que me esperam pela frente”, esclareceu.
Votar é preciso
Para alimentar a vontade dos 46 mil eleitores irem às urnas e assim diminuir a taxa de abstenção, realizou-se em Inhambane uma campanha de educação cívica. Madalena Rafael, chefe do Gabinete de Formação no Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, apela à presença massiva dos eleitores nas assembleias de voto no próximo dia 18 de abril, pois “votar é uma decisão”, o voto de cada eleitor “fará muita diferença”, explica. Madalena Rafael espera que “a população adira em massa no dia da votação para marcar a diferença”.
A eleição intercalar no município de Inhambane acontece na sequência da morte, em dezembro do ano passado, do anterior edil Lourenço Macul. E realiza-se a pouco tempo do fim dos mandatos das autarquias em Moçambique, que terão eleições já em 2013.
Já no ano passado três municípios, nomeadamente Pemba (norte), Quelimane (centro) e Cuamba (nordeste), tiveram de realizar eleições intercalares devido a resignação dos seus presidentes. Nesse escrutínio, o MDM ganhou em Quelimane, a quarta maior cidade de Moçambique, e a Frelimo saiu vencedora nos restantes dois municípios.
Autor: Ezequiel Mavota (Maputo)
Edição: Glória Sousa / António Rocha