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AI premeia Centro Nadeem

Jürgen Stryjak
16 de abril de 2018

Centro Nadeem para Reabilitação das Vítimas de Tortura recebeu neste segunda-feira (16.04.) em Berlim o prémio dos direitos humanos da Amnistia Internacional. Fundadora Aida Seif al-Dawla falou sobre trabalho do Centro.

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Há 25 anos a ativista egípcia dos direitos humanos Aida Seif al-Dawla juntamente com duas mulheres do Cairo fundaram o Centro Nadeem. Desde então o encontro com as vítimas de tortura tem estado no centro das suas vidas.

"Nunca antes a tortura e violência foram tão brutais no Egito como desde 2013. O que vimos desde então ultrapassa a imaginação. É violência pela violência e brutalidade por causa da brutalidade", denuncia Aida Seif al-Dawla. 

Tortura e abusos aconteceram sempre, tanto sob o regime do ex-Presidente Hosni Mubarak como no de Muhammed Mursi, presidentes islamistas e da Irmandade Muçulmana. Em 2013 o Presidente Abdel-Fattah al-Sisi e o exército tomaram o poder. Governam o país com mão de ferro - até nas esquadras e cadeias.

Aida Seif al-Dawla revela que "as agressões começam com socos e pontapés. Isso é tão comum que já ninguém fala sobre isso. E depois seguem-se os choques elétricos, dão choques aos prisioneiros na língua, dedos dos pés e órgãos genitais. E outros são estuprados."

As represálias das forças de defesa e segurança são contra supostos terroristas ou membros da Irmandade Muçulmana, mas afetam também críticos do regime, ativistas e dissidentes.

Ägypten | Aida Seif el-Dawla, Suzan Fayyad, Magda Adly
Ativista Aida Seif el-Dawla (esq.)Foto: picture alliance/AP Photo

A procura de um ouvido estranho

A defensora dos direitos humanos conta ainda que "os presos políticos são vendados por vários dias até não saberem se é dia ou noite. Não podem falar com outros presos, não podem usar os seus nomes, perderam os nomes e agora são identificados através de números. Essa perda de identidade muitas vezes causa traumas de longa duração."

Desde 1993 que os médicos do Centro Nadeem para a reabilitação das vítimas de tortura cuidam das vítimas, incluindo atendimento de psicoterapia. Aida Seif al-Dawla: "Quem nos procura quer, acima de tudo, contar toda a sua história a um estranho. Ele pode contar tudo sem se envergonhar, num lugar longe da família onde pode soltar a sua raiva e ansiedade."

Ninguém sabe se foram centenas ou milhares as pessoas torturadas nos últimos anos. Os defensores dos direitos humanos publicaram números que representam apenas casos documentados ou estimativas.

Governo prefere o termo "uso excessivo de força"

AI premeia Centro Nadeem

O regime reage às alegações de tortura dizendo que "estes casos são isolados" como esclareceu o jovem Omar Marwan, ministro dos assuntos Parlamentares. Nos últimos quatro anos houve denúncias de torturas e maus tratos contra 72 polícias. 31 deles foram levados à justiça. "A violência não faz parte da política", disse o ministro, no Egito a tortura não é usada de forma sistemática.

Mas Aida Seif al-Dawla contesta: "Quando oiço os mesmos relatos das vítimas que não se conhecem, de diferentes partes do país, então sei que não se tratam de casos isolados."

Um problema é também a definição. Oficialmente o Estado considera a tortura como a única forma de obter declarações/confissões. Todos os outros maus tratos, mesmo que a vítima morra, não são classificados como tortura, mas sim "uso excessivo da força".

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