Cheias em Maputo: Desalojados vivem em condições precárias
4 de julho de 2024Na periferia de Maputo, mais de uma centena de famílias vivem em condições precárias, abrigadas em centros de acolhimento temporários desde que há mais de um ano e meio as devastadoras inundações engoliram as suas casas.
Apesar das promessas de reassentamento repetidas pela edilidade, as soluções definitivas parecem estar fora de alcance.
A DW conversou com alguns moradores nos centros de acolhimento, que compartilharam as suas frustrações e incertezas.
Florêncio Machaca, um dos afetados, expressou sua indignação: "Dizem que a terra é do Estado, mas no momento em que precisamos da terra para usar, como integrantes do Estado, a edilidade não demonstra prontidão muito menos interesse."
As refeições são feitas em grupo e os menores são sempre a prioridade. A comida, confecionada em panelas de 25 e 50 litros, nem sempre chega para todos, segundo relatou umas das moradoras, Florinda Parruque: "Na hora das refeições, ficamos em fila para receber os nossos pratos de comida e há dias que não chega para todos."
Na hora de dormir, a situação também é complicada. Faz-se a divisão em dois grupos: os homens dormem num quarto com uma área de aproximadamente 54 metros quadrados, enquanto as mulheres e crianças ocupam três quartos.
"Estamos a sofrer, vivemos acumulados aqui e na incerteza", explicou Miguel Chiluvane, outro morador afetado pelas intempéries.
As promessas do Governo
Desde o desastre, a edilidade de Maputo prometeu reassentar as famílias no distrito de Boane. No entanto, até agora, nada foi concretizado.
A vereadora para área de Saúde e Ação Social no Conselho Municipal afirma que o processo enfrenta desafios logísticos e burocráticos.
Alice de Abreu explica que a complexidade do processo inclui a demarcação de terras, construção de infraestruturas básicas e obtenção de aprovações legais. "A sua materialização depende sempre da disponibilidade de fundos para o efeito", diz. Por isso, segundo a vereadora, não há ainda datas para a conclusão deste processo.
Na semana passada, o edil da capital moçambicana, Razaque Manhique, esteve reunido com as vítimas das inundações e anunciou que, nas próximas duas semanas, será lançado um concurso público para a contratação de uma empresa que vai trabalhar no escoamento das águas para o rio mais próximo da região.