Cheias fazem milhares de desalojados na Zambézia
16 de janeiro de 2015A província da Zambézia está em alerta vermelho. Desde segunda-feira (12.01) que chove torrencialmente em quase toda a região. Dezasseis pessoas morreram arrastadas pelas águas ou vítimas de desabamentos de casas, segundo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
As enxurradas destruíram total ou parcialmente centenas de edifícios, incluindo escolas e postos de saúde. Pontes desabaram e as estradas estão inundadas. Os distritos mais afetados são Mocuba, Namacurra e Nicoadala.
"Dois copos de arroz, óleo, sal e uma sardinha para cinco pessoas"
De acordo com o INGC, centenas de pessoas estão isoladas, à espera de ajuda em cima de telhados ou nas copas de árvores.
Entretanto, nos últimos dias, cinco mil pessoas chegaram ao posto administrativo de Licuar, no distrito de Nicoadala. Muitas delas estão abrigadas nas salas de aula da Escola Primária Josina Machel. Mas as vítimas das inundações afirmam que estão a passar mal: falta comida e a água que consomem é de má qualidade.
"A situação está péssima. Uma saquinha de arroz de 25 quilos e um litro de óleo não chega. Eu tenho cinco crianças. Passo mal mesmo", disse um dos homens a viver temporariamente na escola.
"Cada pessoa só tem direito a dois copos de arroz, óleo, um pouco de sal. E uma sardinha é para cinco pessoas", contou outra refugiada em entrevista à DW África.
Maria Madalena Luciano, delegada do INGC na Zambézia, disse que não deve avançar qualquer informação relacionada com as vítimas das cheias, remetendo esclarecimentos para a secretária permanente do instituto. À agência de notícias Lusa, o INGC disse querer evitar "mortes por fome" das pessoas por resgatar, que ainda estão cercadas pelas águas.
Doenças são outra preocupação
Na Escola Primária Josina Machel, a situação de higiene é outra preocupação dos desalojados. Eles pedem ao Governo moçambicano tendas de abrigo, redes mosquiteiras e instrumentos de limpeza, porque os que têm à sua disposição não chegam.
"Os homens só têm luvas e não têm botas. Mas como é que vão conseguir tirar o lixo? São precisos mais instrumentos", afirmou um dos deslocados.