China relaxa medidas contra Covid-19 após manifestações
28 de novembro de 2022As autoridades chinesas flexibilizaram, esta segunda-feira (28.11), algumas medidas no âmbito do combate à Covid-19. No entanto, garantiram que a estratégia "zero casos" da doença se mantém.
As declarações vêm na sequência das manifestações que exigiram a demissão do Presidente Xi Jinping, na maior demonstração de oposição ao Partido Comunista em décadas.
O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, acusou "forças com motivações ocultas" de "estabelecerem uma ligação" entre um incêndio mortal na cidade de Urumqi, no noroeste da China, e as medidas de bloqueio impostas no âmbito da estratégia de "zero casos" de Covid-19.
Sob a "liderança do Partido Comunista Chinês e (com) o apoio do povo chinês, a nossa luta contra a Covid-19 vai culminar em sucesso", assegurou Zhao, em resposta à vaga de protestos ocorrida nos últimos dias.
Manifestações
As manifestações começaram na última sexta-feira (25.11) e espalharam-se por várias cidades, incluindo Xangai, centro financeiro do país, onde um repórter da emissora britânica BBC foi agredido, detido e logo depois libertado – uma agressão classificada como "inaceitável" pelo Governo do Reino Unido.
Em Pequim, centenas de moradores deixaram as suas casas em protesto contra as medidas de prevenção epidémica vigentes na China.
Em algumas cidades, os manifestantes lançaram palavras de ordem contra o Presidente Xi Jinping e o seu partido comunista.
Incêndio
Os cidadãos culparam os bloqueios na cidade de Urumqi pelo atraso nos esforços de socorro durante o incêndio que resultou em 10 mortos. Imagens postas a circular nas redes sociais mostram que o camião dos bombeiros não conseguiu entrar inicialmente no bairro, já que o portão de acesso estava trancado, e que os moradores também não conseguiram escapar do prédio, cuja porta estava bloqueada.
As autoridades negaram algumas das alegações sobre o incêndio, apontando que certas imagens difundidas 'online' de portas trancadas são falsas, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.
A mesma fonte reconheceu que houve problemas no acesso dos bombeiros, mas culpou os carros estacionados em frente ao bairro.
Relaxamento de medidas
Depois deste episódio em Urumqi, mas sem mencionar o incêndio, o Governo da cidade de Pequim disse que deixará de trancar os portões para bloquear o acesso a condomínios onde forem confirmados novos casos de Covid-19.
Além disso, a metrópole industrial e comercial de Guangzhou, o maior foco da última vaga de infeções na China, anunciou que alguns residentes já não serão obrigados a submeter-se a testes em massa.
Urumqi, onde ocorreu o incêndio, e outra cidade na região de Xinjiang, no noroeste do país, anunciaram que os mercados e outros negócios em áreas consideradas de baixo risco de infeção reabririam esta semana e que o serviço público de autocarros seria retomado.
"Zero Covid"?
A estratégia "zero Covid", que visa isolar todas as pessoas infetadas, ajudou a manter os números de casos da China mais baixos do que em outros países, como os Estados Unidos. Mas tem confinado milhares de pessoas às suas casas durante até quatro meses, e alguns queixam-se da falta de alimentos e de material médico fiável.
O partido no poder prometeu no mês passado aliviar a estratégia, alterando a quarentena e outras regras. Mas a aceitação pública está a desgastar-se depois de um pico de infeções ter levado as cidades a reforçar os controlos.
De acordo com dados da Comissão Nacional de Saúde, a China bateu no sábado o número recorde de infeções, detetando quase 40.000 novos casos, embora mais de 90% se tratem de casos assintomáticos. Nesta segunda-feira, o número de novos casos diários aumentou para 40.347, incluindo 36.525 sem sintomas.