1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Chivukuvuku critica investimentos angolanos em Cabo Verde

Nélio dos Santos (Cidade da Praia)15 de julho de 2013

O presidente da CASA-CE quer que os empresários de Angola apostem mais em Cabo Verde. No entanto, é preciso abrir o mercado cabo-verdiano a mais angolanos, criticou Abel Chivukuvuku durante uma visita ao país.

https://p.dw.com/p/1985R
Abel Chivukuvuku, presidente da CASA-CEFoto: Quintiliano dos Santos

Abel Chivukuvuku esteve presente este fim de semana na 10ª Convenção Nacional do Movimento para a Democracia (MpD), em Cabo Verde.

Em entrevista à DW África, na Cidade da Praia, o presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) comentou a cooperação do seu partido com o partido da oposição cabo-verdiano e falou sobre os investimentos angolanos no arquipélago.

Chivukuvuku quer ver mais empresários angolanos a investir em Cabo Verde e critica alguns investimentos de personalidades próximas do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.


DW África: Que resultados traz esta cooperação entre a CASA-CE e o MpD?

Abel Chivukuvuku (AC): Primeiro, temos de agradecer ao Movimento para a Democracia pelo convite de vir aqui assistir aos trabalhos da 10ª Convenção e congratular o MpD, que soube fazer transição, quando em África a tendência das lideranças é de se manterem, mudarem as regras e perpetuarem-se no poder. Também auguramos que os trabalhos tenham corrido bem e que tudo seja feito para que o presidente Ulisses Correia e Silva possa estar no Governo cabo-verdiano em 2016.

Pensámos em estruturar uma parceria positiva e salutar entre a CASA-CE, em Angola, o MpD, aqui, e outras forças políticas irmãs de outros países dos PALOP, com quem tivemos um encontro para trocar impressões. Penso que isso será reciprocamente útil para os nossos países.

DW África: Os empresários angolanos têm estado a apostar fortemente em Cabo Verde nos últimos tempos. Como é que vê essa aposta no mercado cabo-verdiano?

Chivukuvuku critica investimentos angolanos em Cabo Verde

AC: Eu gostaria que mais angolanos fizessem essa aposta. É um mercado promissor, com oportunidades. Há muita coisa para fazer, sobretudo na área turística. E penso que seria muito útil que mais angolanos pudessem vir e investissem e participassem na vida económica de Cabo Verde. Não só aqueles que têm vindo.

DW África: Além do turismo, os empresários angolanos deviam apostar em que outras áreas?

AC: Por enquanto, as empresas estão a entrar no país na área dos serviços. Penso que é uma área que ainda tem potencial e que se pode continuar a investir nesse domínio. Mas Cabo Verde vive também num contexto de importação quase total dos seus bens de consumo. Portanto, há também aqui uma oportunidade para a pequena indústria de transformação, para reduzir a importação de bens de consumo e produzi-los aqui em Cabo Verde. É um espaço fértil.

O turismo é de facto um dos segmentos mais dinâmicos da economia de Cabo Verde e [um setor] para o qual os angolanos também podem avançar. Fui informado de que a Sonangol, por exemplo, pretende investir no setor hoteleiro. O setor hoteleiro é um dos setores mais dinâmicos em Cabo Verde. Portanto, é uma oportunidade. É preciso que os angolanos conheçam tudo isso para poderem fazer parte do desenvolvimento de Cabo Verde.

DW África: Dizia há pouco que seria útil que mais empresários angolanos pudessem vir para Cabo Verde e "não só aqueles que têm vindo". Está a referir-se aos empresários próximos do MPLA?

AC: Por enquanto, é uma minoria que faz parte da família do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Ora, nós queremos que outros empresários, como António Mosquito ou Custódio Coelho, também venham para Cabo Verde, para que a interação seja de angolanos para cabo-verdianos e de cabo-verdianos para angolanos.

DW África: Acha que a entrada desses empresários próximos do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, aqui em Cabo Verde pode ser uma forma de promiscuidade?

AC: Não só. É mais uma forma de lavagem de capitais ilícitos. São capitais que não são adquiridos de forma honesta e séria e procuram aplicá-los para fazer a lavagem de capitais, quando nós temos empresários trabalhadores, honestos, sérios que, de facto, podem e também têm capacidade para investir aqui em Cabo Verde.

Insel Maio - Kapverden
Turismo é setor em que angolanos podem apostar, diz ChivukuvukuFoto: Nelio dos Santos