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Ciclone Idai: António Guterres quer mais apoio internacional

Arcénio Sebastião (Beira)
12 de julho de 2019

Secretário-geral da ONU  defende que Moçambique tem direito a exigir da comunidade internacional solidariedade e apoio em caso de desastres naturais. De visita ao país, António Gutrerres conversou com vítimas do Idai.

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Secretário-geral da ONU, António Guterres, em conversa com crianças numa escola destruída pelo ciclone Idai na cidade da Beira, MoçambiqueFoto: DW/A. Sebstiao

Logo após a sua chegada à cidade da Beira (centro e Moçambique), o secretário-geral da ONU António Guterres visitou a Escola 25 de Junho que ficou muito destruída com a passagem o ciclone Idai pelo centro de Moçambique. Com o apoio técnico da UNHABITAT, a escola já está a  beneficiar da reconstrução obedecendo a padrões de resiliência, visando a sua proteção.

Durante a visita, António Guterres interagiu com os alunos: "Onde é que estavam quando aconteceu o ciclone estavam aqui ou estavam em casa? Estávamos em casa... A vossa família e vocês estão bem? Sim, estamos... Está bem e as vossas casas estão a ser construídas? Sim. São vossos pais que estão a reconstruir? Sim..."

No fim o secretário-geral da ONU manifestou um desejo: "Ouçam, espero que daqui a mais um pouco tenham umas salas de aulas mais bonitas".

Mosambik Maputo | Antonio Guterres, UN-Generalsekretär & Filipe Nyusi, Präsident
António Guterres (esq.) e Filipe Nyusi em MaputoFoto: Getty Images/AFP/W. de Wet

Guterres, visitou também um novo bairro residencial de Mandruzi situado no município de Dondo, a 30 quilómetros da Beira.Nesse novo bairro, moram mais de três mil famílias que antes viviam em zonas inseguras e que foram afetados em março por ventos ciclónicos e inundações.

Também ali, o secretário-geral da ONU interagiu com os residentes e lançou um apelo aos habitantes para que utilizem o mais depressa possível os terrenos atribuídos pelo Governo para a construção de habitações.

António Guterres ficou impressionado com o que viu, por exemplo, a população que quatro meses depois da passagem do ciclone, já está a produzir alimentos em pequenas hortas.

"Já estão a plantar? Sim... E o que estão a plantar? Aí é mandioca e batata doce e aquilo é folha de abóbora... Vocês são todos da mesma família? Sim, sim... Estão a fazer um casinha nova... E já estão a plantar alguma coisa? Sim, sim... E o que é que estão a plantar? Couve, alface e tomate... Muito bem...", mais um diálogo entre o secretário-geral da ONU e as vítimas do Idai.

Apelos de Guterres à comunidade internacionalRecorde-se que à sua chegada nesta quinta-feira (11.07.) a Maputo e num encontro com a imprensa Guterres apelou a comunidade internacional para prestar mais apoio ao país e concretizar as ajudas prometidas o mais rápido possível.

Ciclone Idai: António Guterres chama comunidade internacional a apoiar Moçambique

"A verdade é que os fundos postos a disposição de Moçambique só por si não chegam ao volume gigantesco da reconstrução que tem de ser feita. E é por isso que é necessário que se aumente a solidariedade internacional e que aquilo que foi prometido seja também rapidamente desembolsado", apelou o número um da ONU.

Para António Guterres a resposta da comunidade internacional deve corresponder à coragem e determinação com que o povo moçambicano enfrentou a força das duas calamidades naturais, os ciclones Idai e Kenneth, este último atingiu o norte do país.

A ajuda internacional à reconstrução deve ter em conta a necessidade que o país tem de "criar uma capacidade de resistência a novas fatalidades no futuro", destacou o secretário-geral da ONU.

Na sequência da passagem dos ciclones Idai e Kenneth, no centro e norte respetivamente, e das cheias que os acompanharam, o país conseguiu promessas de 1,2 mil milhões de dólares (pouco mais de mil milhões de euros) da comunidade internacional, dos 3,2 mil milhões, o mesmo que 2,8 mil milhões de euros necessários para a reconstrução, faltando suprir um défice de 2 mil milhões ou seja 1,7 mil milhões de euros.

Antes de terminar a sua visita à Beira, António Guterres reuniu-se com o governador de Sofala, Alberto Mondlane, com equipa de ajuda humanitária das Nações Unidas e com o presidente do Conselho Municipal da Cidade da Beira, Daviz Simango. 

Mosambik UN-Generalsekretär Antonio Guterres in Beira
Antonio Guterres em mais um diálogo na segunda maior cidade de MoçambiqueFoto: DW/A. Sebstiao

Apelos aos maiores poluentes

Falando à jornalistas no fim da visita, Guterres reiterou a solidariedade e a disponibilidade da organização que dirige em apoiar Moçambique nos esforços com vista a reconstrução. O secretário-geral da ONU fez saber ainda que apesar de a economia moçambicana não contribuir para o aquecimento global, fator que origina as mudanças climáticas, o país é bastante fustigado pelas calamidades naturais.

Moçambique é o segundo país do mundo mais vulnerável em relação as consequências das alterações climáticas e por isso Guterres disse: "Quero lançar uma mensagem muito clara aos países que são responsáveis pelo nível de emissões para lhes dizer que é preciso inverter a possível tendência em que as mudanças climáticas estão a correr ainda mais rápido".

O ciclone Idai atingiu o centro de Moçambique em Março de 2019, principalmente a cidade da Beira, matando mais de 600 e afetando cerca de 1,8 milhões de pessoas. Foi o ciclone mais devastador dos últimos tempos em Moçambique.

Pouco tempo depois, em Abril, o país voltou a ser atingido por um ciclone, o Kenneth, que se abateu sobre o norte do país, matando 45 pessoas e afetando outras 250.000

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