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Desastres

Ciclone Idai: Centros de acomodação com 160 mil pessoas

Leonel Matias (Maputo)
8 de abril de 2019

Objetivo é garantir a transparência do processo numa altura em que crescem as denúncias de desvios de ajudas. EUA anunciaram, esta segunda-feira (08.04), contributo de 35 milhões de euros.

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Mosambik Flutopfer in Tete
Foto: DW/A. Zacarias

Os mais recentes dados do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), divulgados esta segunda-feira (08.04), dão conta de que há, neste momento, mais de 160 mil pessoas nos 164 centros de acomodação criados para as vítimas do ciclone Idai. O número de pessoas afetadas mantém-se acima das 1,5 milhões. Inalterados mantêm-se também, e desde sábado (06.04), o número de mortos, fixado em 602, e o número de feridos, que é atualmente de 1641.

O diretor adjunto do INGC para a área de Reassentamento e Coordenador dos Fundos de Gestão de Calamidades, Rui Costa, que falava, esta segunda-feira em Maputo, deu conta ainda que o ciclone destruiu total ou parcialmente 238 mil habitações e que 715 mil hectares de culturas diversas foram perdidas.

Distribuição de donativos

Numa altura em que crescem as denúncias de desvios de donativos e as autoridades moçambicanas já detiveram quatro pessoas, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades afirma que, que com vista a garantir a transparência na distribuição dos donativos às vítimas do ciclone, o INGC está interessado e aberto em "ver envolvido o setor privado e as organizações não governamentais neste processo de assistência humanitária", disse Rui Costa, acrescentando que: "também é do interesse que haja uma auditoria àquilo que são os recursos financeiros, bem como aos produtos que o próprio Instituto Nacional de Gestão das Calamidades tem estado a receber, que é para se aferir de facto que o INGC está a trabalhar de modo a tornar este processo mais transparente".

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Neste sentido, disse o mesmo responsável, o INGC iniciou, na semana passada, a publicação num dos principais jornais do país, de uma informação quinzenal acerca dos donativos recebidos -  tanto de produtos, como de dinheiro -  com a indicação dos respetivos doadores.   

No entanto, e apesar destas medidas, continuam a surgir nos meios de comunicação locais relatos de pessoas afetadas pelo ciclone que dizem não estar a receber donativos. Mas, Rui Costa garante que "em todos os centros de acomodação, a comida tem estado a fluir, naturalmente com um e outro atraso", diz.

Sobre as notícias alusivas aos desvios de donativos, este mesmo responsável diz que "não há, neste momento, informação de que existam técnicos do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades que estejam diretamente ligados ao extravio destes produtos".

EUA contribui com 35 milhões

O governo dos Estados Unidos da América é um dos que está envolvido na ajuda às vítimas do ciclone Idai. Numa conferência de imprensa em Maputo, esta segunda-feira (08.04), Chris Milligan, conselheiro da Agência Norte Americana para o Desenvolvimento (USAID), disse que o seu país disponibilizará  cerca de 40 milhões de dólares (cerca de 35 milhões de euros) para esta causa. Um montante que, de acordo com o responsável que visitou o país nos últimos três dias, "pode aumentar, dependendo das informações que nós vamos colhendo".

Questionado como é que os Estados Unidos garantem que os donativos chegam aos destinatários, Chris Milligan explicou que a sua instituição trabalha dentro de todos os padrões e procedimentos seguidos a nível internacional quando há crises. E acrescentou que os Estados Unidos contam com um Centro Operacional norte-americano baseado no Aeroporto Internacional da Beira que integra diferentes setores: "Na área da alimentação, trabalhamos com o Programa Mundial de Alimentação. Eles vão ao campo, identificam as diferentes necessidades, vêm fazer o levantamento dos produtos necessários e enviam para o local. Nós passamos nesses centros e verificamos se esses alimentos estão a ser distribuídos para quem realmente precisa", explicou.

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SADC reforça pedido de ajuda

Entretanto, esta segunda-feira (08.04), a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla inglesa) fez saber que vai lançar na quinta-feira (11.04) um pedido formal à comunidade internacional para assistência aos três países afetados pelo Idai - Moçambique, Malawi e Zimbabué. De acordo com um comunicado daquela organização, o "pedido regional formal" será feito em Windhoek, através de uma declaração do próprio presidente em exercício da SADC e Presidente da Namíbia, Hage Geingob, com vista a obter novos apoios para os mais de três milhões de afetados pelo ciclone e cheias que se seguiram.

O apelo regional baseia-se "inteiramente nas solicitações de assistência feitas pelos três países afetados", que "necessitam de assistência humanitária imediata, incluindo alimentos, abrigo, roupas e alimentos, água, saneamento e assistência médica, considerando a ocorrência de cólera e outras infeções por diarreia, malária e doenças relacionadas com a água".

"O apoio também ajudará em ações de recuperação nos distritos afetados, ajudando a população a reconstruir as suas vidas, meios de subsistência e economias", lê-se no comunicado.