Ciclone Idai: Já são 418 mortos em Moçambique
23 de março de 2019Os números foram avançados na cidade da Beira, um dos locais mais afetados pelo ciclone. Segundo os dados do Governo, o número de vítimas fatais subiu de 242 para 418.
Celso Correia, membro do Conselho de Ministros que está liderar a coordenação das operações na região afetada pelo fenómeno, disse à Televisão Pública de Moçambique que "naturalmente ainda há muitas pessoas que continuam isoladas nos pontos altos, porque responderam ao sistema de aviso prévio e precisam de assistência".
O governante afirmou que a maior preocupação neste momento não é só quantificar o número de mortes, mas as operações de salvamento e assistência médica. "As equipas de salvamento estão a trabalhar em tempo integral para salvar o máximo possível de vidas", assegurou.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) considerou hoje que se está numa "corrida contra o tempo" para ajudar e proteger as crianças afetadas pelo ciclone, estimando serem mais de um milhão.
Estimativas iniciais do Governo moçambicano apontavam para 1,8 milhões de pessoas afetadas pelo ciclone que atingiu o país na semana passada, incluindo 900 mil crianças, mas a UNICEF e outros parceiros no terreno adiantam que os números finais são "muito mais elevados", uma vez que muitas das áreas ainda não são acessíveis.
"A situação vai piorar antes de melhorar", disse a diretora executiva da UNICEF Henrietta Fore, em conferência de impressa, no final de uma visita à Beira.
Serviços mínimos regressam aos poucos
Entretanto, segundo Celso Correia, a logística está a começar a facilitar o trabalho no terrono, que tem sido intenso nos últimos dias. Garantiu Celso Correia que "neste momento intensifica-se o nível de assistência médica, alimentos e água e acolhimento para os centros".
Aos poucos a cidade da Beira está a ter de volta serviços mínimos, como a eletricidade, água, banca e o comércio. Aliás, as autoridades governamentais previam que este cenário pudesse durar duas semanas.
O melhoramento do estado de tempo na segunda maior cidade de Moçambique está igualmente a facilitar o acesso às pessoas que precisam de assistência. Trata-se de pessoas que estão expostas, em alguns bairros da capital de Sofala.
"Já estamos a ter muitas famílias que não aceitam ser reassentadas porque as condições começam a melhorar e a província começa a estar estabilizada", disse Celso Correia.
Reabertura da EN6
A principal estrada que dá acesso à cidade da Beira está aos poucos a beneficiar da reabilitação de emergência. Trata-se da via que deverá reabastecer com combustível, alimentos e outros bens de primeira necessidade os distritos que estão isolados, como Buzi, Nhamatanda e Dondo.
A capital da província vizinha de Manica, Chimoio, ressente-se da falta de combustível bem como o vizinho Zimbabué, um cenário que poderá ter dias contados coma reabertura da EN6 a partir da noite deste domingo (24.03).
O ministro Celso Correia foi quem deixou estas garantias: "a EN6 estará reaberta até ao final de domingo. A informação que temos é de que os trabalhos no terreno estão a correr muito bem".
Nesta sexta feira, em Maputo, o presidente da República, Filipe Nyusi, defendeu apoio técnico que se deve prestar às famílias na autoconstrução das suas casas.
O chefe de Estado destacou a fiscalização que se deve fazer na construção habitacional de modo a que elas sejam capazes de resistir às intempéries e minimizar risco de perda de vidas humanas. Nyusi recomendou igualmente aos Governos locais a intensificar a infraestrutura da terra em zonas seguras para a construção de habitações.