Cientistas pedem emergência internacional para febre-amarela
10 de maio de 2016A epidemia de febre-amarela em Angola já dura há cinco meses e o número de vítimas parece aumentar a cada instante. Segundo dados oficiais, a doença matou quase 300 pessoas e há perto de 2.300 casos suspeitos. A informação baseia-se no boletim sobre a doença referente ao período de 25 abril e 5 de maio.
Agora, especialistas pedem que o surto de febre-amarela seja declarado emergência internacional. O apelo feito à Organização Mundial da Saúde (OMS) é de dois académicos do Centro Médico da Universidade de Georgetown, em Washington (EUA).
Num artigo publicado na página eletrónica do Jornal da Associação Médica Norte-americana, Daniel Lucey e Lawrence O. Gostin alertam para a escassez de vacina, que, segundo acreditam, "pode provocar uma crise de segurança sanitária".
A disseminação da febre-amarela já atingiu o Quénia e a República Democrática do Congo (RDC), onde está planeada uma campanha para vacinar dois milhões de pessoas.
Campanhas de vacinação continuam a acontecer em Angola, especificamente na província de Luanda, nas áreas rurais dos municípios de Huambo e Caála. Outra província com um grande número de mortes é a Huíla, onde as autoridades angolanas continuam a preparar respostas à epidemia.
Mobilizar fundos
O especialista em doenças infecciosas e saúde pública Daniel Lucey e o professor de saúde pública Lawrence O. Gostin esperam urgentemente que a OMS crie uma comissão de emergência para mobilizar fundos, coordenar a resposta internacional e promover um aumento da produção de vacinas.
Os académicos falam do uso de um quinto da dose normal da vacina em Angola para evitar a escassez, se o vírus se espalhar.
O país enfrenta uma epidemia da doença desde dezembro de 2015. No final da semana passada, a OMS considerou que o surto angolano "continua de elevada preocupação", depois de as autoridades angolanas terem dado a epidemia como controlada.
Em abril, a Organização de Saúde Pan-Americana declarou um alerta epidemiológico por febre-amarela na América Latina, onde o mosquito 'Aedes aegypti', que transmite a doença, está atualmente a transmitir ativamente os vírus do Zika e da dengue.