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Cimeira de crise no Gana: ébola continua a fazer vítimas

Isaac Kaledzi / António Rocha2 de julho de 2014

Como lutar contra a epidemia do ébola que atinge a África Ocidental? Desde esta manhã (02.07) os ministros da Saúde de onze países da região e especialistas internacionais, examinam a questão em Acra, capital do Gana.

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Foto: Cellou Binani/AFP/Getty Images

Numa altura em que a epidemia já fez centenas de vítimas mortais, governos, populações e especialistas notam que é necessária uma solução rápida e eficaz, ou seja: uma solução que dê resposta à atual epidemia.

Reunião internacional de responsáveis pela saúde pública

Represemtantes governamentais para a área da Saúde de onze países da África ocidental e especialistas internacionais estão reunidos de urgência, esta quarta e quinta-feira (02+03.07) em Acra, para discutir o lançamento de um plano considerado "radical" de luta contra a epidemia mais mortífera da história do vírus ébola.

A epidemia afeta atualmente a Serra Leoa, a República da Guiné e a Libéria, mas a Cruz Vermelha Internacional, em Genebra, já admitiu que o vírus pode espalhar-se a países vizinhos como a Guiné-Bissau.

Face à grave situação, as sociedades nacionais da Cruz Vermelha em todos os países da região Ocidental de África estão em alerta para fornecer mensagens de prevenção assim como a formação e material adequado em caso de epidemia.

Notícias dão conta de que até ao momento nenhum caso foi detetado na Guiné-Bissau que faz fronteira com a Guiné Conacri.

OMS diz que a situação é grave

Ao considerar de grave e preocupante a situação, Keiji Fukuda, diretor geral adjunto da Organização Mundial de Saude (OMS), disse no encontro de Acra que "quando se lida com algo muito complexo é preciso ter uma boa estratégia."

Ebola-Virus in Guinea
O vírus do ébola já vitimou mais de cem pessoas na República da GuinéFoto: Seyllou/AFP/Getty Images

O responsável da OMS lançou ainda as seguintes questões: "Como podemos realmente travar esta epidemia? O que é que precisamos de fazer? Como é que podemos fazer as coisas que têm de ser feitas? Como é que implementamos? Como é que garantimos que as comunidades saibam que o controlo das infecções está a ser feito, que somos capazes de identificar e conhecer quem são as pessoas que correm risco de infeção?"

Uma tragédia: caminha-se para os 500 mortos

Segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), a República da Guiné, a Libéria e a Serra Leoa totalizam desde o início do ano 795 casos de febre hemorrágica, dos quais 467 mortos.

Die Grenze des Buruntuma, zwischen Guinea-Bissau und Guinea Konacry
Fronteira entre a Guiné-Bissau e a República da Guiné: até agora ainda não foram detetados casos na Guiné-BissauFoto: DW/Braima Darame

Esses números demonstram um aumento de 129 casos mortais em relação ao balanço anterior, feito há uma semana, ou seja um acréscimo de mais de um terço. É um sinal de que a epidemia recomeçou após uma pequena acalmia em abril.

Num comunicado publicado na conferência de dois dias em Acra, a OMS afirma que "se trata da mais importante epidemia em termos de pessoas afetadas e mortas, bem como da superfície geográfica atingida".

Segundo a organização, as decisões que serão tomadas no final do encontro ministerial "serão determinantes para o combate da atual e de futuras epidemias".

Exigem-se medidas drásticas

Face ao aumento contínuo do número de mortos e de casos de ébola, a OMS mostra-se muito preocupada com a situação na região ocidental africana.

Ebola UNICEF in Liberia
Unicef está no terreno para esclarecer as populações e agentes da saúdeFoto: picture-alliance/dpa

Daí que tenha apelado aos ministros da Saúde dos 11 países participantes, para que sejam tomadas "medias drásticas no combate ao virus" por forma erradicar esta epidemia mortal e altamente contagiosa.

Para Bernice Dahn, minstra da Saúde da Libéria, na primeira fase da epidemia, o seu país teve sucesso no combate ao virus. A ministra referiu que o seu país está "a trabalhar arduamente para conter a infecção."

Para isso seria necessário controlar as fronteiras, pois elas são muito permeáveis e isso ajuda à expansão da doença." Por seu turno, Sherry Aryttey, ministra da Saúde do Gana, país anfitrião da conferência, disse que "o Gana tem institutos que estão disponíveis para apoiar a pesquisa sobre a doença."

O objetivo é encontrar, o mais rapidamente possível, as vacinas necessárias para garantir que surtos como este não voltam a acontecer.

Ébola: o vírus que apareceu em 1976

Estudos indicam que a atual epidemia partiu da República da Guiné que já recenseou 193 mortos atribuídos ao ébola, enquanto a Libéria registou 33 e a Serra Leoa 65 mortos.

Ebola-Virus in Liberia
Na Libéria também já foram detetados dezenas de casos. Comunidade internacional envia material para o combate ao vírusFoto: picture-alliance/dpa

O vírus ébola, que provoca febres hemorrágicas, seguidas de vómitos e de diarreia, foi conhecido pela primeira vez, em 1976, no norte da República Democrática do Congo, na altura Zaire, por onde passava uma pequeno rio de nome ébola.

Sem vacina homologada, com um nível de mortalidade que pode ir dos 25 aos 90% no homem, este vírus transmite-se por contato direto com o sangue, líquidos biológicos ou tecidos de pessoas ou animais infetados.

Os rituais funerários, onde os familiares e amigos permanecem em contato direto com o corpo do defunto, têm um papel importante na transmissão do virus.

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