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CNE faz balanço positivo sobre eleições em Angola

1 de setembro de 2012

Correntes políticas têm posições diferentes sobre andamento das votações no país. MPLA admite que houve "dificuldades". Alguns observadores internacionais já consideram o processo eleitoral "satisfatório".

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Eleições Angola
Eleições AngolaFoto: Reuters

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola fez um balanço positivo do dia eleitoral. Em Luanda, após o encerramento das urnas, o presidente da CNE, André da Silva Neto, reconheceu a existência de alguns "constrangimentos", mas sem consequências no processo. Os resultados oficiais devem ser divulgados em quinze dias.

“Levamos igualmente ao vosso conhecimento que tivemos, como é natural em qualquer processo eleitoral, constrangimentos de várias ordens, que têm sido pontualmente resolvidos, não pondo, por isso, em causa o processo eleitoral”, disse.

Também o chefe da missão de observadores da União Africana, Pedro Pires, considerou que a organização das eleições gerais angolanas foi "satisfatória" e que o estado de espírito dos eleitores foi "bom". O antigo Presidente de Cabo Verde avaliou ainda que "toda a gente está de acordo que as eleições deste ano foram melhor organizadas do que as de 2008".

Opinião idêntica tem também o deputado brasileiro do Partido dos Trabalhadores, Florisvaldo Fier, um dos 700 observadores internacionais que acompanharam as eleições. Representante do Parlamento da Mercosul (comunidade de países da América do Sul), Florisvaldo Fier disse que as eleições foram “bem organizadas” e que decorreram em “clima de tranquilidade”.

Apesar de reclarmações, eleitores votaram normalmente em várias mesas
Apesar de reclarmações, eleitores votaram normalmente em várias mesasFoto: DW

MPLA satisfeito

O partido maioritário admitiu a existência "de dificuldades" no processo conduzido pela CNE, nomeadamente em relação ao credenciamento dos delegados dos partidos nas mesas de voto, uma das principais queixas dos partidos da oposição, em particular da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola).

Apesar disso, Rui Falcão, porta-voz do MPLA, exaltou a organização do pleito. “Foi um ato cívico de grande dimensão, que honra o povo angolano, que honra Angola e que nos catapulta para os países mais organizados do continente e é isso que é relevante dizer hoje”.

No encontro com os jornalistas, Rui Falcão lançou críticas à oposição angolana, principalmente à UNITA. Considerado o maior partido da oposição angolana, a UNITA, na noite de quinta-feira, recuou na decisão de boicotar as eleições, afirma Falcão. Na opinião do porta-voz do MPLA, o partido opositor não estava preparado para o pleito.

“A UNITA quis boicotar estas eleições. Não se preparou exatamente por isso, porque acreditou que seria possível boicotar o processo. A UNITA não teve outra alternativa senão recuar. Claro, isso não significa que terá abandonado a sua estratégia”, disse o porta-voz do MPLA.

Oposição dividida

O correspondente da DW em Luanda, António Cascais, diz que nas inúmeras mesas de voto que visitou a afluência foi diversa. "Algumas estavam às moscas, outras estavam com grandes filas. Ainda não há dados sobre a afluência, mas muitos ficaram sem votar. Um pouco por todo o país chegaram várias denúncias de irregularidades. Alguns (eleitores) chegavam às mesas de voto e foram indicados a votar em outro ponto, afastado do seu local de residência", disse o jornalista.

Após a abertura das urnas, Isaías Samakuva, o presidente da UNITA, anunciou que tenciona impugnar as eleições angolanas devido a irregularidades que garante existirem no processo eleitoral. De acordo com Samakuva, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não entregou credenciais a mais de dois mil dos delegados da UNITA pelo que, refere, o seu partido não poderá assegurar a veracidade dos resultados.

A reeleição do Presidente José Eduardo dos Santos, líder do MPLA, parece ser dado adquirido
A reeleição do Presidente José Eduardo dos Santos, líder do MPLA, parece ser dado adquiridoFoto: Reuters

Abel Chivukuvuku, presidente da nova formação, Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), também apresentou queixas ao votar no centro da capital. Ele disse que o credenciamento dos representantes da sua lista nas mesas de voto foi, segundo suas palavras, "atabalhoada".

O presidente da coligação Conselho Político da Oposição (CPO), Anastassio Finda, entretanto, mostrou-se agradado com o processo. "Foi positivo. Houve uma organização superior a de 2008" disse.

Autor: Glória Sousa/António Cascais
Edição: Márcio Pessôa/Cristina Krippahl

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