Coligação eleitoral da oposição ganha força em Moçambique
22 de março de 2023Está a ganhar tração a ideia de uma aliança entre os partidos da oposição em Moçambique, para enfrentar a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), formação política que governa o país desde a independência.
No sábado (18.03), o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, anunciou a disponibilidade do seu partido para coligar-se com "qualquer organização da sociedade civil ou individualidade".
Em declarações à DW, o porta-voz do partido, Ismael Nhacucue, insiste que é preciso criar uma "linha única de combate político".
"Neste momento estamos à espera da reação dos outros para ver se a frente única poderá efetivamente acontecer", revelou.
O MDM não indicou até agora quais seriam os outros partidos da oposição com os quais pretenderá coligar-se.
Mas o maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), também já tinha manifestado a disponibilidade de se aliar a outras forças políticas no final de 2022.
Quem se juntará a quem?
As lideranças da RENAMO e do MDM, Ossufo Momade e Lutero Simango, respetivamente, reuniram-se no ano passado para discutir a criação de uma plataforma de entendimento visando impulsionar a oposição no ciclo eleitoral que se avizinha. Até agora, não está claro se os dois partidos se vão juntar.
Questionado pela DW, o porta-voz da RENAMO, José Manteigas, também não avança pormenores.
"Esta iniciativa é do presidente Ossufo Momade, já no ano passado, porque ele é da convicção de que juntos poderemos ter melhores resultados, razão pela qual convidou a oposição extraparlamentar, convidou o MDM com assento parlamentar para irmos fazer essa reflexão", recorda.
Moçambique deverá realizar as suas quintas eleições autárquicas a 11 de outubro deste ano. Para 2024 estão previstas as eleições presidenciais, legislativas e das Assembleias Provinciais.
O exemplo angolano
O porta-voz do MDM garante que o seu partido já está a dar passos concretos para materializar uma possível coligação com outras formações políticas, organizações da sociedade civil e individualidades, à semelhança do que a oposição angolana fez nas eleições gerais do ano passado.
"O que o MDM vai fazer nos próximos tempos é ouvir as várias sensibilidades, vários partidos políticos, a sociedade civil para tentar perceber até que ponto é que essa coligação é possível e essas démarches já começaram", revela Ismael Nhacucue.
O porta-voz da RENAMO diz que há "conversas de corredores" com outras forças, sem, no entanto, especificar quais são.
"Eu não estou a dizer que é um dado certo que haverá coligação, que fique claro. Estou a dizer que neste momento existe uma plataforma de diálogo dos partidos da oposição. Creio que a breve trecho essa plataforma vai se pronunciar consoante também as decisões internas de cada partido da oposição", sublinha José Manteigas.
Para o MDM, a provável frente da oposição deveria ser ensaiada durante as eleições autárquicas deste ano. "Vamos avaliar os resultados de uma eventual coligação nas eleições autárquicas e só depois é que se vai definir se vale a pena continuar com este modelo para as eleições gerais ou não", conclui Nhacucue.