"Dor de Mar"

"É um disco que tem outro tipo de arranjos e é um disco mais Tcheka. E fala um pouco de protecção ambiental, o que é diferente dos outros", disse o músico cabo-verdiano Manuel Lopes Andrade, ou Tcheka, quando a Deutsche Welle esteve na capital do arquipélago ocidental africano, Cidade da Praia, em agosto.

Tcheka descreve a própria música como sendo "música tradicional de Cabo Verde com influência erudita e do jazz". No álbum Dor de Mar, o músico cabo-verdiano diz explorar os ritmos do seu país mas com uma novidade que faz toda a diferença: "Fiz esse trabalho como produtor também, fiz os arranjos e tudo foi feito por mim e então quando tu próprio estás à frente de tudo é outra coisa", disse.

Homenagem a Norberto Tavares

Tcheka participou do álbum Argui, em 2003; em 2005, lançou o álbum Nu Monda e, em 2007, Lonji. O músico de Cabo Verde habituou o seu público a ouvir algo novo a cada 2 anos. Desta vez, precisou de 4 anos para lançar o novo álbum, Dor de mar, porque decidiu mostrar outras facetas da sua personalidade musical. "Para além de querer mostrar mais, apesar de cada disco que eu fiz ter sido muito importante – porque fazem parte da minha carreira –, eu também senti que, cada vez, estava a perder algo. Porque eu queria realmente estar presente como director musical", contou à Deutsche Welle.

Tcheka também escreveu todos os temas que integram o álbum, à excepção de um - Forti bu dan cu stango – que se relaciona com o balançar forte quando se dança. Este tema é de Norberto Tavares, músico cabo-verdiano falecido.

O cantor, compositor e instrumentista quis homenageá-lo: "Gravei um tema de Norberto Tavares à minha maneira. Mas eu queria mostrar que, para além de ele ser um grande compositor, ele também é um grande músico", relatou.

Sem banda

Para Tcheka, a mistura de diferentes elementos e influências é algo que enriquece a sua música; mas o mais importante é a sua marca: "A música não tem fronteiras e que tem as portas abertas para todo tipo de influências e para tudo o que um músico queira dar", opinou.

"Por exemplo, eu não tenho banda, então para gravar o disco eu tinha as minhas ideias definidas e convidei músicos e cada músico levou as suas experiências – e isso é muito importante. Mas o que eu defendo no meu trabalho é que haja uma base e que as pessoas a identifiquem como Tcheka", afirmou.

Autora: Carla Fernandes
Edição: Renate Krieger / António Rocha